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Política

PT tem disputa interna para definir vice de Sarney no Senado

20 jan 2011 - 17h40
(atualizado às 22h48)
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A reeleição do senador José Sarney (PMDB-AP) para a presidência do Senado está praticamente sacramentada, mas as disputas do PT para a definição do candidato a vice-presidente da Casa deve continuar. Pelo regimento do Senado, as bancadas preenchem os cargos conforme seu tamanho - se não houver um clima de disputa entre os partidos.

Por ser a maior da legislatura que começa em fevereiro, o PMDB, com 19 senadores, fica com a presidência. O PT, segunda maior bancada (15), optou pela primeira vice-presidência. Se os peemedebistas estão definidos em torno do atual presidente da Casa, Marta Suplicy (SP) e José Pimentel (CE) disputam na bancada petista o direito de substituir Sarney sempre que necessário. No entanto, parece não haver clima para um acordo.

"Não sinto da parte de nenhum dos dois vontade de abrir mão da disputa", disse o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PT-PE). Ele procurou minimizar a situação ao afirmar não crer que isso provoque uma crise entre os petistas. "O PT está acostumado a esse tipo de votação e debate interno", disse. Outro senador, no entanto, tem uma avaliação diferente. "Se a Marta perder, haverá crise", disse um parlamentar, que pediu para não ser identificado.

A eventual crise seria resultado do descontentamento da bancada com a forma como a candidatura de Pimentel foi apresentada. Segundo relato desse senador, o ministro de Ciência e Tecnologia e ex-líder da bancada, Aloizio Mercadante, trabalhou para que Pimentel não tivesse concorrência e fosse aclamado pelos colegas para fazer parte da mesa diretora.

"Esse foi um prato feito entregue à bancada. E o que houve foi um levante contra o dedaço do Mercadante", disse esse senador. Ele afirmou que havia insatisfação de parte dos senadores petistas contra a liderança do parlamentar paulista.

Costa disse que na reunião em que Mercadante foi eleito líder não foram apresentadas reivindicações em relação ao trabalho de seu antecessor.

"O Aloizio foi líder num período de enfrentamento, em que tinha uma crise pesada no Senado. E também havia uma grande dificuldade na correlação de forças. Essa foi uma característica do mandato recente. Hoje a situação é bem mais confortável", disse o novo líder petista.

Marta e Pimentel não estiveram no Senado nos últimos dias e têm trabalhado em busca de apoio por telefone. Costa afirmou que os dois possuem as mesmas chances de conquistar a indicação da bancada.

Divisão de cargos
O PT também está de olho nas comissões de Assuntos Econômicos, a mais importante da Casa, Constituição e Justiça e Infraestrutura. A escolha depende do que o PMDB tiver como prioridade. Os dois partidos terão que fazer as contas para atender as siglas que estiverem nos blocos comandados por eles.

O PT busca um acordo com PR (4 senadores), PDT (4), PSB (3), PCdoB (2) e PRB (1). Juntos, eles formariam um bloco de 29 parlamentares. Mais da metade dos senadores eleitos pelo PT em 2010 vai cumprir seu primeiro mandato na Casa e já buscam posições de destaque para ganhar visibilidade política, o que deve gerar uma pressão maior na divisão dos cargos entre os aliados.

O PMDB negocia formar um bloco com PTB (6 senadores), PP (5), PMN (1) e PSC (1), que uniriam uma bancada de 32 parlamentares. Contudo, a oposição não deve ficar inerte. DEM, PSDB e PPS podem formar um bloco de 16 senadores e obter espaço na mesa diretora e comandar comissões permanentes.

Sarney
A regra da proporcionalidade para a eleição e composição das comissões no Senado parece ser respeitada, entre outros motivos, porque a oposição passa por um período de reorganização sem ter como lançar um candidato contra Sarney com alguma chance de sucesso.

A reeleição de Sarney pode ser facilitada também porque o PT segue a orientação do Palácio do Planalto de não fazer resistência à indicação do PMDB para comandar a Casa, como em 2009, quando o peemedebista teve que enfrentar o petista Tião Vianna (AC), que teve o apoio do PSDB, para ser eleito presidente.

Mais tarde, em meio a diversas denúncias contra Sarney, o PT chegou a trabalhar contra o ex-presidente, a tal ponto que o apoio do Executivo ao peemedebista durante a crise política provocou divisões dentro da bancada petista.

"Eu conversei com o senador Sarney por telefone e ele me disse que precisamos trabalhar juntos para construção de pontes entre PT e PMDB. A relação dos dois partidos não era a ideal", disse Costa.

Peemedebistas ouvidos sob a condição de anonimato descartam que a eleição de Sarney tenha a ver com as indicações para o segundo escalão do governo, em especial no setor elétrico. Segundo eles, as nomeações serão negociadas com a base aliada, mas não há vinculação com a eleição no Senado.

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