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PT é contra adiar depoimento de Cachoeira na CPI

8 mai 2012 - 14h27
(atualizado às 14h39)
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O PT se posicionará contra o pedido de adiamento do depoimento do empresário Carlinhos Cachoeira à CPI que investiga a ligação dele com agentes públicos e privados. A decisão dos petistas foi tomada na segunda-feira numa reunião para definir a estratégia do partido na comissão.

Na primeira reunião da CPMI do Cachoeira, os senadores e deputados elegem como presidente da comissão, o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), bem como foi o relator, o deputado Odair Cunha (PT-MG)
Na primeira reunião da CPMI do Cachoeira, os senadores e deputados elegem como presidente da comissão, o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), bem como foi o relator, o deputado Odair Cunha (PT-MG)
Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil

O pedido de adiamento do depoimento, marcado para o próximo dia 15, foi apresentada na segunda ao presidente da CPI mista, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), pela defesa do empresário, que alegou falta de acesso às peças de acusação que estão em poder da comissão.

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Marcio Thomaz Bastos, advogado de Cachoeira, disse que se o depoimento não for adiado seu cliente pode usar o direito de não responder os questionamentos dos parlamentares para não se incriminar.

"Nós vamos defender que ele venha mesmo que não fale nada", disse o senador Humberto Costa (PT-PE) ao comentar a decisão do partido.

Os petistas não fecharam uma posição em relação à convocação dos governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), e do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB).

PT e PMDB, porém, resistem a um acordo para convocar os governadores à CPI logo no começo dos trabalhos. Na próxima semana, os membros da comissão poderão analisar esses requerimentos de convocação.

O PT fará uma nova reunião na próxima semana para definir a estratégia em relação aos governadores.

Os petistas também não apoiarão a iniciativa da oposição de suspender o sigilo dos documentos recebidos das operações Vegas e Monte Carlo, realizadas pela Polícia Federal e que são a matéria-prima das investigações da CPI.

Os partidos de oposição levarão ao plenário da comissão na tarde desta segunda uma questão de ordem pedindo que o presidente da CPI delibere sobre a suspensão do sigilo dos documentos. E avisaram que se não forem atendidos pretendem ir ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedir que o relator do processo que corre em segredo de justiça, ministro Ricardo Levandowski suspenda essa determinação.

O PT não se manifestará contra a manobra no Supremo, mas pretende de posicionar contra a suspensão do sigilo por determinação da CPI.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na operação Monte Carloem 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na CPI dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o então senador democrata Demóstenes Torres (GO), que reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do STF Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir ouros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, fazia parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

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