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Política

PT diz que demissão de Palocci 'engrandece' ministro

7 jun 2011 - 20h10
(atualizado às 20h15)
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Laryssa Borges
Direto de Brasília

O presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Rui Falcão, afirmou nesta terça-feira que o pedido de demissão do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, confirmou o "espírito público" do até hoje principal auxiliar do governo Dilma Rousseff. O dirigente petista disse ainda que a saída do ministro do primeiro escalão dilmista "engrandece" a biografia do agora demissionário.

"Ao avaliar que a exploração política dos adversários em torno de sua permanência poderia prejudicar o governo, o companheiro Palocci preferiu afastar-se. Antes, como agora, o ministro tem toda a nossa solidariedade, tanto mais diante do gesto que só o engrandece", afirmou Falcão, em nota.

"O pedido de demissão do ministro Antonio Palocci - mesmo após a manifestação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que confirmou a retidão e legalidade de suas atividades profissionais - reafirma o alto espírito público de sua conduta", disse.

A substituta

A senadora petista Gleisi Hoffmann, que cumpre atualmente seu primeiro mandato parlamentar, é a nova ministra-chefe da Casa Civil. Esposa do atual ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, Gleisi, 45 anos, foi apontada como uma das que, em reunião com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, teria pedido a saída de Palocci. Ela nega ter feito o apelo, embora tivesse confirmado ter solicitado que o ex-braço direito da presidente Dilma Rousseff prestasse explicações públicas sobre uma eventual evolução patrimonial irregular.

Eleita pelo Paraná, ela se reuniu nesta terça-feira com a Dilma, de quem recebeu o convite para suceder Palocci. Apontado durante a transição de governo e nos 127 dias em que ficou à frente da Casa Civil como braço direito da presidente, Palocci é a primeira baixa entre os principais integrantes do alto escalão do governo petista.

Ainda que Gurgel tenha rejeitado a abertura de investigação contra Palocci, o ministro-chefe da Casa Civil formalizou nesta terça-feira sua demissão. Braço direito da presidente Dilma Rousseff, Palocci é a primeira baixa entre os principais integrantes do alto escalão do governo petista. Na noite de ontem, após a confirmação de que não seria investigado penalmente pelo chefe do Ministério Público, o ministro demissionário fizera um apelo para o retorno da ¿razão, equilíbrio e Justiça¿ ao embate político.

Nesta tarde, Antonio Palocci encaminhou carta à presidente Dilma Rousseff solicitando o seu afastamento do governo. Ele argumentou que "continuidade do embate político poderia prejudicar suas atribuições no governo".

"O ministro considera que a robusta manifestação do procurador-geral da República confirma a legalidade e a retidão de suas atividades profissionais no período recente, bem como a inexistência de qualquer fundamento, ainda que mínimo, nas alegações apresentadas sobre sua conduta", disse Palocci, em nota.

A segunda queda de Palocci

De acordo com reportagem publicada pelo jornal Folha de S.Paulo no dia 15 de maio, semanas antes de assumir a chefia da Casa Civil Antonio Palocci (PT) comprou um apartamento em São Paulo por R$ 6,6 milhões. Um ano antes, ele havia adquirido um escritório na cidade por R$ 882 mil. Com os novos bens, o patrimônio do ministro teria se multiplicado 20 vezes em quatro anos. O ministro alegou que o lucro foi gerado por sua empresa de consultoria, a Projeto, dentro da legalidade e declarado à Receita Federal. No entanto, ele alegou que cláusulas de sigilo o impediam de revelar maiores detalhes sobre os contratos ou seus clientes.

Mas a onda de denúncias continuou. Na Câmara, o PSDB levantou suspeitas sobre a liberação rápida de cerca de R$ 9 milhões em restituição do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) logo após o primeiro turno das eleições de 2010 a uma empresa, a WTorre. Os valores, relativos aos anos-base 2007 e 2008, teriam sido liberados apenas um mês e meio após o pedido, em duas operações com diferença de quatro minutos entre uma e outra. Em contrapartida, segundo a oposição, a empresa teria financiado a campanha da presidente Dilma Rousseff no valor de R$ 2 milhões. A WTorre seria uma das clientes da empresa de Palocci.

Pressionado pela oposição e pela própria base para que apresentasse uma defesa em público, Palocci concedeu uma única entrevista sobre o tema. Na noite de 3 de junho, ele afirmou ao Jornal Nacional, da Rede Globo, que sua empresa não atuou com contratos públicos. O ministro disse que trabalhou em fusão de empresas, mas que nunca junto ao Banco Central, ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) ou ao Ministério da Fazenda para resolver problemas das empresas que procuraram seus serviços.

A Procuradoria Geral da República solicitou explicações ao ministro, mas decidiu arquivar os pedidos de investigação por considerar que não houve indícios de procedimentos ilegais. Mesmo assim, a pressão política sobre Palocci não diminuiu e a articulção da oposição para aprovar uma CPI contra Palocci avançava no Congresso. Diante disso, no dia 7 de junho, o principal ministro de Dilma Rousseff pediu demissão.

Em visita ao Brasil, Chávez manifestou apoio a Palocci
Em visita ao Brasil, Chávez manifestou apoio a Palocci
Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil
Fonte: Terra
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