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Política

Presidente da CPI do Cachoeira quer criar sistema de busca em inquéritos

10 mai 2012 - 10h58
(atualizado às 11h06)
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Gustavo Gantois
Direto de Brasília

Na primeira reunião da CPMI do Cachoeira, os senadores e deputados elegem como presidente da comissão, o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), bem como foi o relator, o deputado Odair Cunha (PT-MG)
Na primeira reunião da CPMI do Cachoeira, os senadores e deputados elegem como presidente da comissão, o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), bem como foi o relator, o deputado Odair Cunha (PT-MG)
Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil

O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira, senador Vital do Rêgo (PMDB-PR), afirmou nesta quinta-feira que vai procurar o ministro Ricardo Lewandowski, relator do inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) para verificar a possibilidade de criar um sistema de buscas nos inquéritos sobre as operações Vegas e Monte Carlo.

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Cachoeira, o bicheiro que abalou o Brasil

A intenção de Vital do Rêgo é facilitar o acesso dos parlamentares e assessores aos documentos que estão em uma sala-cofre da CPMI. Segundo o senador, a necessidade de consultar o ministro Lewandowski se dá por precaução.

"Eu preciso perguntar ao ministro se implantar um sistema de busca acarretaria em uma quebra de sigilo. Temos de nos prevenir de possíveis problemas", disse o presidente da comissão que investiga as relações do bicheiro Carlinhos Cachoeira com políticos e empresários.

O requerimento de Vital do Rêgo também foi uma resposta à declaração do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) de que o acesso aos documentos estaria prejudicado por uma questão técnica.

"Os documentos da Monte Carlos estão inviabilizados. Foram enviados documentos com imagem, e não texto, o que inviabiliza qualquer tipo de investigação", afirmou o deputado Sampaio antecipou que apresentará um requerimento à CPI solicitando o reenvio do material em texto.

No começo da manhã desta quinta-feira, os delegados da Polícia Federal Matheus Mella Rodrigues e Raul Alexandre Marques, responsáveis pelas investigações das operações Monte Carlo e Vegas, respectivamente, estiveram na sala-cofre da comissão para verificar se o material encaminhado à CPI está completo.

O deputado Sampaio chegou a questionar a integralidade do inquérito entregue à comissão. "No depoimento do delegado Raul Alexandre, ele mencionou que havia mais de mil horas de áudio. Esse áudio não chegou à comissão, nem em aúdio e nem em texto", acusou o deputado.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o PSOL representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir ouros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

Fonte: Terra
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