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Política

Possível candidatura de Marina obriga partidos a reajustar estratégias

14 ago 2014 - 18h47
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A trágica morte do candidato presidencial Eduardo Campos obrigará os partidos a reajustar posições e relançar suas respectivas campanhas para as eleições marcadas para 5 de outubro, com Marina Silva como o eixo desse novo cenário, afirmaram nesta quinta-feira analistas políticos.

O centro do debate é saber se Marina tomará o lugar de Campos, uma vez que enfrenta resistências dentro do PSB, que era liderado pelo ex-governador de Pernambuco, morto após a queda do avião no qual viajava na cidade de Santos.

"Do que devemos ter certeza atualmente é que a campanha voltará a começar do zero", comentou à Agência Efe o historiador Francisco Carlos Teixeira, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

A ecologista Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, uniu-se ao PSB de Campos no ano passado, quando naufragou o registro como partido de sua Rede Sustentabilidade e foi colocada como vice na chapa, após seu terceiro lugar no pleito de 2010, onde obteve quase 20 milhões de votos e 20% de apoio.

Segundo Teixeira, o PSB enfrenta divisões internas frente ao cenário nacional. Um setor é a favor que o partido volte a fazer parte da coalizão governista de Dilma Rousseff (PT), e outro está alinhado ao opositor PSDB, do candidato Aécio Neves, nos estados de Pernambuco, São Paulo e Minas Gerais.

"A opinião pública pode obrigar o PSB a aceitar Marina Silva como candidata, porque tem possibilidades de causar um terremoto na eleição", avaliou Teixeira.

Nesse sentido, o analista político traçou dois cenários: para o PT de Dilma, a favorita à reeleição, o impacto seria que Marina possa levar a disputa eleitoral a um segundo turno, mas para o PSDB seria pior, porque ela está em condições de superar Aécio e ser a nova força nacional.

"Uma candidatura de Marina poderia causar uma tragédia total para o PSDB, que passaria a ser um partido menor" depois de ter governado o país com Fernando Henrique Cardoso entre 1995 e 2002, segundo Teixeira.

Nesse sentido, Teixeira achou similitudes no "liberalismo econômico" de Marina e de Aécio e lembrou que a ambientalista aponta para a diminuição do papel do Estado nos grandes projetos nacionais.

O historiador previu que poderá ser duplicado os atuais 9% que tinha a candidatura de Campos nas enquetes caso a aspirante seja Marina.

Levando em conta que Marina ainda não definiu se assumirá a candidatura, o analista político Claudio Couto, da Fundação Getúlio Vargas (FGV) de São Paulo, comentou à Agência Efe que em um primeiro momento os eleitores do falecido Campos vão migrar para Dilma e Aécio.

"Se (Marina) não substituir Campos no PSB, Dilma e Aécio ganham mais", disse Couto, que também prevê conflitos entre as alas ideológicas adversas dentro do partido que conduzia o falecido dirigente.

A imprensa começou a lançar nomes que poderiam ser companheiros de chapa de Marina, como Romário, Luiza Erundina - ambos do PSB - e Roberto Freire, do aliado PPS.

"Roberto Freire é parte da coalizão armada por Campos e deverá ser escutado, mas não tem consensos para tentar ganhar novos votos. Romário não seria bom porque está posicionado de forma excelente para ser senador pelo Rio de Janeiro", opinou Couto.

O analista político arriscou que "não seria uma surpresa" se o nome do candidato escolhido para vice-presidente fosse o de Erundina, uma veterana política paulista com um perfil mais de esquerda.

"Mas também não me surpreenderia que o PSB imponha um nome menos conhecido, mas pertencente ao 'establishment' partidário", de acordo com a visão de Couto.

EFE   
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