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Política

Políticos criam mais projetos; para cientista, maioria não passará

30 jul 2011 - 12h19
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Os parlamentares apresentaram, nos primeiros quatro meses de trabalho, entre fevereiro e julho, 1.873 projetos de lei na Câmara dos Deputados e 428 no Senado. Mais de 90% deles são de iniciativa dos próprios políticos - os demais são provenientes dos poderes Executivo e Judiciário. Em todo o ano passado foram apresentados 1.332 projetos de lei na Câmara e 335 no Senado. Porém, para o cientista político e diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antônio Augusto Queiroz, "a maioria esmagadora desses projetos nunca será aprovada".

O alto número de matérias não reflete a realidade de votações. Este ano, apenas três projetos de lei foram aprovados pelos senadores no plenário. Mais 65 foram aprovados em caráter terminativo nas comissões técnicas e três foram considerados prejudicados. Na Câmara, foram 25 aprovações em plenário e 97 em comissões em caráter conclusivo.

Ao todo, tramitam apenas na Câmara 10.762 projetos, enquanto que o Senado analisa mais 1.805. Desses, estão prontos para serem colocados em votação nos respectivos plenários 1.297 projetos na Câmara e 64 no Senado. O grande número de matérias apresentadas ocorreu também em relação às iniciativas que visam a alterar a Constituição. Houve 61 propostas de emendas à Constituição (PEC) à Câmara no primeiro semestre deste ano, contra as 77 apresentadas em 2010.

No bojo das discussões sobre a reforma política, mudanças no rito das medidas provisórias, questões tributárias e até o desejo de garantir a felicidade a todos os cidadãos, os senadores já apresentaram este ano quase o dobro de PEC sugeridas no ano passado. Foram 71 propostas em 2011 frente a 38 apresentadas em 2010. Com elas, os políticos alcançaram a marca de 1.338 propostas para modificar o texto constitucional que tem pouco mais de 20 anos, referentes às PECs que tramitam na Câmara e no Senado. Delas, 202 estão prontas para serem votadas nos plenários das duas casas.

Para Queiroz, os parlamentares apresentam tantos projetos para atender às demandas da sociedade, mas isso não significa que eles tenham compromisso com as matérias. "A viabilidade de transformação desses projetos em norma jurídica é muito baixa. O parlamentar sempre procura dar satisfação à sua base, ao setor que representa, aos segmentos econômicos e sociais a que está vinculado. Muitas vezes não se empenha pela aprovação", afirmou.

Ele disse que existem filtros dentro do próprio Congresso que barram a votação de grande número de iniciativas. Queiroz se refere aos interesses do governo, ao empenho dos líderes partidários e à própria agenda que pauta a sociedade em diferentes momentos. Diante disso, para o diretor do Diap, é natural que os plenários sejam ainda mais seletivos com o que será votado.

No que diz respeito à matérias que não dependerão de sanção do Executivo, caso das propostas de emendas à Constituição, o cientista político é ainda mais descrente: "o Congresso Nacional tem duas instâncias de deliberação: as comissões e os plenários. Nos plenários o filtro é muito rigoroso, um projeto só vai ser votado se houver empenho do Executivo e dos líderes. Quando o assunto não depende de sanção do Executivo, o governo não deixa pautar".

Segundo Antônio Queiroz, em média, são aprovadas cerca de 200 leis por ano, entre medidas provisórias, créditos suplementares e projetos de lei. Desses, um terço é de natureza orçamentária, de 15% a 20% são MPs, 10% são matérias tributárias e de 20% a 30% tratam de homenagens, datas comemorativas, entre outras questões de menor importância. Há ainda, segundo ele, uma média de 20% a 30% que incluem matérias variadas como educação, saúde, segurança pública e outras. Com essa média de projetos aprovados nos últimos anos, o cientista político disse crer que o volume de matérias apresentadas não signifique reais modificações nas leis.

Agência Brasil Agência Brasil
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