PGR pede abertura de inquéritos contra Agnelo e Perillo
- Gustavo Gantois
- Direto de Brasília
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, enviou na última segunda-feira ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) o pedido de abertura de dois inquéritos contra o governador Agnelo Queiroz (PT-DF) e um outro contra o governador Marconi Perillo (PSDB-GO). A informação foi divulgada apenas nesta quarta-feira.
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O Terra apurou que duas das investigações são desdobramentos da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que prendeu o bicheiro Carlinhos Cachoeira. O pedido foi feito por Gurgel após decisão do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), de desmembrar o processo que corre na Corte.
O terceiro inquérito, contra Agnelo, seria sobre sua atuação como diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), entre os anos de 2007 a 2010. Denúncias dão conta que o governador teria beneficiado laboratório ligado a Cachoeira.
Os inquéritos estão disponíveis para consulta no site do STJ. Um dos procedimentos contra Agnelo será analisado pelo ministro Cesar Asfor Rocha e o outro pela ministra Laurita Vaz. A investigação contra Perillo também foi entregue à ministra Laurita. Como ela é natural de Goiás e já se declarou impedida em um processo envolvendo o também goiano Cachoeira, é grande a possibilidade de ela ter de repassar a papelada a outro ministro.
PGR
Procurada pela reportagem, a assessoria da Procuradoria-Geral da República informou que Gurgel está internado no hospital Sarah, em Brasília, se recuperando de uma cirurgia. Na terça-feira da semana passada, Gurgel caiu em sua casa e fraturou o braço esquerdo. Ainda não há previsão para seu retorno ao trabalho.
O advogado de Perillo, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, informou que não sabia da abertura do inquérito contra o governador e que não iria se pronunciar. Agnelo Queiroz ainda depõe na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira e não pode responder sobre as investigações do Ministério Público.
Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.
Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.
Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.
Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.
O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.
Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.