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Polícia

PF: quadrilha espionou ex-ministro, prefeitos e emissora de TV

26 nov 2012 - 15h53
(atualizado às 16h32)
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Hermano Freitas
Direto de São Paulo

A Polícia Federal informou na tarde desta segunda-feira, na sede da Superintendência do órgão, em São Paulo, que entre as 180 vítimas de uma quadrilha de espionagem estavam políticos importantes. Segundo o superintendente Roberto Troncon Filho, um senador, um ex-ministro, dois prefeitos, dois desembargadores e uma filial de TV, além de diversas empresas, foram identificadas e serão ouvidas. Os nomes das pessoas envolvidas não foram divulgados, como é praxe em operações da PF.

As duas organizações criminosas, uma especializada na venda de informações sigilosas e outra voltada à prática de crimes contra o sistema financeiro nacional, foram desarticuladas na chamada Operação Durkheim, que prendeu até o momento 33 pessoas e cumpriu 87 mandados de busca e apreensão nos Estados de São Paulo, Goiás, Pará, Pernambuco e Rio de Janeiro, além do Distrito Federal. "Para não comprometer a presunção de inocência não divulgaremos nomes nem de pessoas físicas nem jurídicas, mas as vítimas serão ouvidas nos próximos dias", declarou o delegado Troncon.

Entre os investigados está o presidente da Federação Paulista de Futebol e vice-presidente da CBF, Marco Pelo Del Nero. Ele prestou depoimento e foi liberado em seguida, fato que foi comprovado pelo delegado Valdemar Latance Neto. O policial confirmou que ele compareceu à sede da PF para depor, mas afirmou que não poderia dizer se foi ou não indiciado.

O inquérito policial teve início em setembro de 2011 para investigar os desdobramentos da investigação do suicídio de um policial federal na cidade de Campinas (SP) em dezembro de 2010, o que apontou a possível utilização de informações sigilosas, obtidas em operações policiais, para extorquir políticos, suspeitos de envolvimento em fraudes em licitações. De acordo com Julio Cesar Baida Filho, a suspeita é de que o policial estivesse comprometido com o esquema. "Nos parece que (se matar) foi uma maneira de preservar a família dos crimes", declarou o delegado.

Durante as investigações, os agentes identificaram dois grupos criminosos. Eles atuavam em paralelo, de modo independente e tinham como elo a mesma pessoa investigada. Conforme a Polícia Federal, foi descoberta uma grande rede de espionagem ilegal, composta por vendedores de informações sigilosas que se apresentam ao mercado como detetives particulares, e por seus fornecedores, pessoas com acesso aos bancos de dados, como funcionários de empresas de telefonia, bancos e servidores públicos.

A outra organização tinha como atividade principal a remessa de dinheiro ao exterior por meio de atividades de câmbio sem autorização do Banco Central. Cerca de 400 policiais federais participam da operação. Além das prisões, os agentes devem cumprir 34 mandados de coerção coercitiva (quando a pessoa é levada para prestar depoimento e liberada em seguida). Conforme a PF, 67 pessoas serão indiciadas.

Nesta segunda-feira, 27 carros de luxo foram apreendidos e serão leiloados. O dinheiro deverá ressarcir o Estado.

Os investigados responderão a uma lista de crimes: divulgação de segredo, corrupção ativa, corrupção passiva, violação de sigilo funcional, interceptação telefônica clandestina, quebra de sigilo bancário, formação de quadrilha, realização de atividade de câmbio sem autorização do Banco Central, evasão de divisa e lavagem de dinheiro. As penas variam entre 1 e 12 anos de prisão.

Operação Durkheim

A operação foi batizada de Durkheim em alusão ao suicídio do policial e ao intelectual francês, um dos fundadores da sociologia, que escreveu o livro O Suicídio.

Grande emissora de TV foi vítima de espionagem, diz PF:
Fonte: Terra
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