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Política

PF investiga se ex-prefeito paraguaio preso em MS tem dupla nacionalidade

5 mar 2015 - 12h56
(atualizado às 12h56)
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A Polícia Federal informou nesta quinta-feira que está investigando se o ex-prefeito da cidade paraguaia de Ypejhú preso no Brasil e acusado de assassinar um jornalista de seu país também tem nacionalidade brasileira, o que pode tornar inviável sua extradição.

"O primeiro que vamos fazer é investigar a real situação dessa pessoa no Brasil; se realmente tem nacionalidade brasileira e se estava legalmente no país", disse à Agência Efe um porta-voz da Polícia Federal em Campo Grande (Mato Grosso do Sul).

O ex-prefeito de Ypejhú Vilmar "Neneco" Acosta Marques foi preso ontem em Naviraí, cidade do Mato Grosso do Sul na fronteira com o Paraguai, em uma operação da Polícia Civil que contou com o apoio de organismos paraguaios de inteligência.

Acosta Marques, foragido da justiça paraguaia, é acusado de ser o mentor intelectual do atentado cometido em outubro do ano passado no qual morreram Pablo Medina, jornalista do jornal "ABC Color", e Antonia Almada, seu assistente.

Além disso, ele é acusado de produção, armazenamento e tráfico de maconha.

Medina, correspondente do "ABC Color" na região paraguaia fronteiriça com o Brasil, tinha se destacado por suas investigações sobre as ligações do narcotráfico com políticos locais.

O político paraguaio, vinculado ao governista Partido Colorado, identificou-se em Naviraí para a polícia como Vilmar Marques e alegou ter nacionalidade brasileira.

Costa foi levado ontem mesmo de Naviraí até Campo Grande, onde está detido na Polícia Federal enquanto se esclarece sua situação legal no país.

"Será mantido sob custódia em Campo Grande enquanto estabelecemos sua real situação. Temos informações de que tem nacionalidade paraguaia e nacionalidade brasileira e isso é o que queremos definir", afirmou o porta-voz da Polícia Federal consultado pela Efe.

A mesma fonte esclareceu que Acosta Marques foi preso com base em uma ordem de captura expedida pela justiça paraguaia e que constava na base de dados da Interpol, e não por uma ordem de detenção com fins de extradição emitida no Brasil.

O porta-voz acrescentou que a possível nacionalidade brasileira do acusado impede juridicamente sua extradição, mas alegou que "tudo dependerá das circunstâncias".

As autoridades paraguaias, que já iniciaram trâmites para solicitar a extradição, alegam que o documento de identidade brasileiro de Acosta Marques é falso, já que supostamente foi solicitado após o político ter sido registrado como nascido no Paraguai.

Segundo o ministro do Interior do Paraguai, Francisco de Vargas, o governo pode comprovar a nacionalidade paraguaia de Acosta Marques, já que para sua candidatura à Intendência de Ypejhú ele apresentou documentação como cidadão paraguaio.

O ex-prefeito de Ypejhú era procurado no Brasil pois a polícia paraguaia suspeitava que ele estivesse escondido na casa de parentes residentes no país vizinho.

Seu irmão Wilson Acosta e seu sobrinho Flavio Acosta, também foragidos da justiça paraguaia e igualmente acusados como autores materiais do duplo homicídio, são procurados no Brasil, enquanto Arnaldo Cabrera, motorista do político, foi capturado em 8 de dezembro.

A morte de Medina e Almada pôs em evidência supostas conexões entre narcotraficantes e políticos governistas de diferentes níveis no Paraguai, o que está sendo investigado pelo Congresso do país.

EFE   
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