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Política

PF: empresa de presidente da Eletronuclear recebeu R$ 4,5 mi

Segundo a PF, foi detectado o pagamento de propina para a Aratec, empresa de Othon Luiz Pinheiro da Silva, preso hoje

28 jul 2015 - 13h02
(atualizado às 13h53)
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Procurador da República, Athayde Ribeiro Costa durante coletiva na sede da Polícia Federal em Curitiba (PR), sobre a 16ª fase da operação Lava Jato
Procurador da República, Athayde Ribeiro Costa durante coletiva na sede da Polícia Federal em Curitiba (PR), sobre a 16ª fase da operação Lava Jato
Foto: Félix F. / Futura Press

A primeira investigação direta sobre os casos de corrupção e lavagem de dinheiro no setor elétrico nacional, no âmbito da Operação Lava Jato, detectou o pagamento de R$ 4,5 milhões em propina para a Aratec, empresa do presidente licenciado da Eletronuclear (subsdiária da Eletrobras), Othon Luiz Pinheiro da Silva, preso temporariamente na 16ª fase da operação, deflagrada nesta terça-feira. Segundo o procurador da República Atayde Ribeiro Costa, os repasses foram feitos pelas empreiteiras Andrade Gutierrez e Engevix.

A outra pessoa presa hoje é Flávio Barra, presidente da área de energia da Andrade Gutierrez. Ele foi apontado por Dalton Avancini, que foi presidente da Camargo Corrêa, como o responsável da Andrade Gutierrez por negociar propina em contratos relacionados com a usina Angra 3.

Tanto Barros quanto Silva foram presos no Rio de Janeiro e serão encaminhados ainda hoje para a superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Os mandados de prisão são temporários, válidos por cinco dias, e o Ministério Público Federal (MPF) pode pedir a conversão para prisão preventiva caso necessário.

De acordo com Costa, a Andrade Gutierrez deu início aos pagamentos de propina para a Aratec em 2009, após a negociação de um aditivo de um contrato com a Eletronuclear. Este repasse ocorria por meio de quatro empresas, que posteriormente encaminhavam os valores para a Aratec, do presidente licenciado da subsidiária da Eletrobras. “Estas empresas intermediárias têm sede no Brasil e as operações ocorriam em território nacional. Pela primeira vez elas apareceram na investigação”, salientou o procurador durante entrevista coletiva em Curitiba. A Engevix também mantinha contratos com a Eletronuclear e usava deste artifício para repassar dinheiro para Silva.

Flávio Barra foi um dos presos na nova fase da Operação Lava Jato
Flávio Barra foi um dos presos na nova fase da Operação Lava Jato
Foto: Divulgação
Othon Pinheiro da Silva
Othon Pinheiro da Silva
Foto: Agência Brasil

Um dos itens verificados na investigação foi que as empresas intermediárias não possuíam conhecimento técnico para prestar os serviços para as quais foram contratadas pelas empreiteiras. Em algumas oportunidades, os valores apenas “pingavam” nas contas destas empresas, sendo rapidamente direcionados para a Aratec. Os repasses ocorriam assim que a Andrade Gutierrez e a Engevix recebiam pagamentos de seus contratos com a Eletronuclear.

A última transação detectada envolvendo a Aratec ocorreu em dezembro de 2014, mesmo após as prisões de executivos de empreiteiras na Operação Lava Jato. Costa explica que as investigações do MPF também abrangeram os contratos de licitação envolvendo o consórcio Angramon, para obras na usina Angra 3, envolvendo as empreiteiras Camargo Corrêa, UTC, Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez, EBE (MPE), Techint e Odebrecht. “Dalton Avancini informou que na pré-qualificação para a licitação já havia um direcionamento da concorrência, para que estas empresas vencessem. Somente a palavra do colaborador não leva à prisão, mas fizemos nosso trabalho e encontramos indícios que corroboraram com o que Avancini revelou”, contou o procurador.

Costa destacou que a Operação Lava Jato deu um passo importante na investigação, revelando que a corrupção não está restrita aos contratos da Petrobras. O procurador disse ainda que não há informações sobre as margens de propina dentro dos contratos investigados da Eletronuclear ou outros valores envolvendo alvo de corrupção.

Além das prisões, policiais federais cumpriram cinco mandados de condução coercitiva (quando as pessoas são encaminhadas para depoimento) contra Renato Ribeiro Abreu (executivo da MPE Participações), Fábio Adriani Gandolfo (Odebrecht), Petrônio Braz Junior (Queiroz Galvão), Ricardo Marques (Techint) e Clovis Renato Peixoto Primo (funcionário aposentado da Andrade Gutierrez).

Vinte e três mandados de busca e apreensão foram cumpridos nas salas dos executivos supostamente envolvidos e houve foco na extração de e-mails corporativos destas pessoas.

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Fonte: Terra
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