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Política

Para Paulo Duque, opinião pública no caso Sarney foi 'manuseada'

10 ago 2009 - 02h51
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O senador do Rio de Janeiro Paulo Duque (PMDB) não esperava tanta visibilidade quando foi convidado pelo atual governador Sérgio Cabral a ser suplente do seu suplente, Régis Fichtner. Duque, presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado, arquivou 11 representações contra o presidente da casa José Sarney (PMDB-AP) por falta de provas. O senador assumiu o cargo em 2007, depois que Cabral, o senador eleito, empossou Regis Fichtner como secretário do Gabinete Civil no Rio de Janeiro. Ao presidir a Comissão de Ética em um dos momentos mais turbulentos da história do Senado, Duque tornou-se centro das atenções políticas no Brasil.

No domingo, o senador foi entrevistado pelo jornal O Dia em seu apartamento, no Flamengo, Zona Sul do Rio, onde receberia os dois filhos para o almoço do Dia dos Pais. Duque programou o encontro em família em um restaurante, mas mudou de ideia, não por temer as reações das ruas ¿ o filho, pescador, traria belo exemplar para a refeição. ¿Os jornais fizeram levantamento incrível sobre minha vida. Não conseguiram encontrar nada. Por isso, estou à vontade para presidir o Conselho de Ética. Eu só aceitei por ter liberdade¿. Acompanhe a entrevista realizada pelo jornal:

O DIA: O senhor poderia ter decidido pela continuidade da investigação contra o senador José Sarney...

Paulo Duque: O presidente recebe a representação contra fulano de tal e a examina. Ele tem o poder, só ele, de, apertando o botão, mandar a representação para o arquivo ou dar prosseguimento. Decidimos 11 processos. Apertei o botão.

Houve pedido favorável ao arquivamento?

Ninguém me procurou. Palavra de honra. Tenho cara feia.

A opinião pública queria o prosseguimento...

A opinião pública foi manuseada no Rio, Brasília, São Paulo e Minas Gerais contra o atual presidente da Casa. Todo mundo xingava o Sarney.

O senhor não teme a reação nas ruas?

Ao contrário, fui cumprimentado. Ninguém me agrediu.

Mas as representações relatavam atos suspeitos...

Eu fundamentei cada processo. Existe acórdão do Supremo Tribunal Federal (STF) dizendo que notícias de jornais desacompanhadas de outras provas não são suficientes para dar seguimento a um processo.

Mas documentos comprovam várias denúncias...

É preciso que essas provas sejam apresentadas. Se isso tivesse ocorrido, é possível que (as representações) prosseguissem.

O senhor mandou arquivar uma representação contra o senador Renan Calheiros (PMDB-AL)...

O Renan já havia sido julgado. O caso dele chegou ao plenário, que é soberano.

O senhor decide esta semana sobre representação contra o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM). O PMDB assume que é retaliação. É verdade que o senhor vai dar prosseguimento?

Não posso dizer o que vou fazer. Não seria justo fazer pré-julgamento. Pode ser retaliação. Vou decidir baseado nos mesmos critérios.

Os recursos poderiam derrubar suas decisões, mas a oposição não tem maioria na comissão. Isso não aumentou o peso da decisão?

O recurso é decidido pelos 15 membros da comissão, mais o corregedor Romeu Tuma. O prazo é de 24 horas para se interpor o recurso. Joguei para mim toda a responsabilidade.

A sua decisão vai ajudar a pôr ordem na casa?

Não estou alegre com os últimos acontecimentos. Mas acredito que essas decisões vão melhorar o Senado. Sei que no Senado há pessoas poderosas, ex-presidentes, ex-governadores e parlamentares experientes. Mas tenho a responsabilidade da decisão. A comissão não pode se transformar em delegacia. Não é órgão punitivo.

Como o senhor viu os bate-bocas entre os senadores?

Ninguém gostou. Houve quebra do decoro em série. Mas é preciso deixar claro que ali não é a Academia Brasileira de Letras para se tomar chá.

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