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Política

Para apressar caso Demóstenes, base sugere petista para Conselho

3 abr 2012 - 19h23
(atualizado às 19h38)
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O líder do bloco de apoio ao governo no Senado (PT, PCdoB, PSB, PDT e PRB), senador Walter Pinheiro (PT-BA), anunciou em Plenário nesta terça-feira a indicação do senador Wellington Dias (PT-PI) para a presidência do Conselho de Ética. Uma das atribuições do novo presidente do Conselho de Ética será decidir se acolhe representação do Psol para apuração de denúncia de quebra de decoro parlamentar por parte do senador Demóstenes Torres (GO), que pediu hoje desfiliação do DEM. As informações são da Agência Senado.

O cargo está vago desde setembro do ano passado, com o afastamento do senador João Alberto (PMDB-MA), que pediu licença para assumir cargo no governo do Maranhão. A indicação do novo presidente cabe ao PMDB, mas a demora do partido na escolha levou o bloco liderado pelo PT a sugerir um nome.

O Conselho de Ética tem uma reunião marcada para a próxima terça-feira, dia 10. "É preciso recompor o conselho na próxima terça para apurar, avaliar e punir os responsáveis por todos os crimes cometidos", disse Walter Pinheiro. O líder do PT enfatizou ainda que o corregedor da Casa, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), com apoio do presidente do Senado, José Sarney, solicitou à Procuradoria-Geral da República que tanto a Corregedoria quanto o Conselho de Ética possam ter acesso às informações já reunidas sobre o envolvimento de Demóstenes com Cachoeira.

O líder do PMDB na Casa, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que vai levar a sugestão de Wellington Dias para análise da bancada peemedebista. O senador informou que precisa conversar com o colégio de líderes para escolher um novo nome para a presidência do Conselho de Ética. A preferência, por enquanto, ainda seria por um nome do partido.

Demóstenes e Carlinhos Cachoeira

Em 6 de março de 2012, o senador Demóstenes Torres (GO) subiu à tribuna para dar explicações sobre as denúncias de sua proximidade com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, descoberta pela operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que terminou em fevereiro, com a prisão de Cachoeira e de outras 34 pessoas. Demóstenes disse que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido critérios legais. Dez dias depois, o jornal Folha de S.Paulo publicava um relatório do Ministério Público Federal (MPF) que indicava que o grupo comandado por Cachoeira entregou telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, que admitiu ter recebido o aparelho.

O jornal O Globo noticiou, em 23 de março, gravações da PF que flagraram Demóstenes pedindo para Cachoeira lhe pagar R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo e vazando informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes. Em 27 de março, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado para "acompanhar a evolução dos fatos". No dia seguinte, o Psol entrou com representação contra o parlamentar no Conselho de Ética do Senado e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandovski autorizou a quebra do sigilo bancário de Demóstenes, solicitando ainda um levantamento sobre as emendas e os projetos relatados por ele para saber se Cachoeira, acusado de controlar a máfia dos caça-níqueis e de corromper policiais e políticos em Goiás, foi beneficiado.

Nas gravações, Demóstenes também aparece acertando um suposto lobby pela legalização dos jogos de azar no Congresso em 2009. Em outra conversa, Cachoeira pede ajuda no processo de um delegado e três policiais de Anápolis (GO) acusados de tortura e extorsão. Os dois ainda conversaram sobre um "negócio" milionário na Infraero. Na ocasião, Demóstenes teria se valido da relatoria da CPI do Apagão Aéreo para levantar informações e sondar contratos de informática na estatal.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido decidiu abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda.

Fonte: Terra
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