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Política

Para advogado de Arruda, denúncia da PGR é 'fantasiosa'

29 jun 2012 - 23h26
(atualizado às 23h35)
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O advogado Nélio Machado, que representa o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda nos desdobramentos da Operação Caixa de Pandora, disse nesta sexta-feira que a denúncia apresentada contra o cliente dele está embasada em "narrativas fantasiosas" do delator do esquema, Durval Barbosa. Ele também classifica como "discurso literário para impressionar" o fato de Arruda ser apontado como líder do esquema de desvio de dinheiro e pagamento de propina instalado no governo entre 2006 e 2010.

A Operação Caixa de Pandora foi deflagrada pela Polícia Federal em 27 de novembro de 2009, contra o suposto esquema de pagamento de propina à base aliada do governo do Distrito Federal. O então governador, José Roberto Arruda (DEM), aparece em vídeos recebendo maços de dinheiro de Durval Barbosa, então secretário de Relações Institucionais, que contribuiu com a PF. Três dias depois, o governador afirmou que os valores recebidos foram "regularmente registrados"
A Operação Caixa de Pandora foi deflagrada pela Polícia Federal em 27 de novembro de 2009, contra o suposto esquema de pagamento de propina à base aliada do governo do Distrito Federal. O então governador, José Roberto Arruda (DEM), aparece em vídeos recebendo maços de dinheiro de Durval Barbosa, então secretário de Relações Institucionais, que contribuiu com a PF. Três dias depois, o governador afirmou que os valores recebidos foram "regularmente registrados"
Foto: Valter Campanato / Agência Brasil

"Não posso desconhecer que a denúncia só pode se basear nas narrativas fantasiosas do Durval, e que é fácil antever a precariedade das acusações", disse Machado. Apesar de ainda não ter lido a denúncia, o advogado supõe que os argumentos não se sustentam porque só apareceram três anos depois do fato.

O defensor de Arruda também acredita que há implicação política no oferecimento da denúncia poucos dias antes do julgamento do mensalão do PT e das eleições municipais deste ano, além de ter sido protocolada no último dia de funcionamento dos tribunais superiores antes do recesso de julho. "Não posso fingir que não vejo algo que está diante de mim. Por que agora? Por que não antes?", indagou.

Embora critique a denúncia, Machado acredita que ela é oportuna porque permitirá a elucidação dos fatos. "É melhor enfrentar do que ficar no sussurro, no meio tom. Vamos mostrar quem é quem".

A advogada Margareth Almeida, que representa Durval Barbosa, refuta a ideia de que a denúncia do Ministério Público veio de fantasias do cliente dela. "O Ministério Público certamente não ofereceria denúncia com base apenas em fantasia de alguém". Ela também acredita que a denúncia é consequência natural das revelações feitas pelo cliente dela, e disse que ele está tranquilo aguardando o desenrolar dos fatos porque "quer passar sua vida a limpo".

O mensalão do DEM

O chamado mensalão do DEM, cujos vídeos foram divulgados no final de 2009, é resultado das investigações da operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal. O esquema de desvio de recursos públicos envolvia empresas de tecnologia para o pagamento de propina a deputados da base aliada.

O então governador José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM) aparece em um dos vídeos recebendo maços de dinheiro. As imagens foram gravadas pelo ex-secretário de Relações Institucionais, Durval Barbosa, que, na condição de réu em 37 processos, denunciou o esquema por conta da delação premiada. Em sua defesa, Arruda afirmou que os recursos recebidos durante a campanha foram "regularmente registrados e contabilizados". Em meio ao escândalo, ele deixou o Democratas.

As investigações da Operação Caixa de Pandora apontam indícios de que Arruda, assessores, deputados e empresários podem ter cometido os crimes de formação de quadrilha, peculato, corrupção passiva e ativa, fraude em licitação, crime eleitoral e crime tributário.

Acusado de tentar subornar o jornalista Edmilson Edson dos Santos, o Sombra, testemunha do caso, Arruda foi preso preventivamente em fevereiro de 2010, por determinação do Superior Tribunal de Justiça, que ainda o afastou do cargo de governador. Ele ficou preso por dois meses e, neste período, teve o mandato cassado por desfiliação partidária.

Agência Brasil Agência Brasil
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