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Política

Opositor boliviano completa amanhã um ano asilado na embaixada do Brasil

27 mai 2013 - 18h22
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O senador opositor boliviano Roger Pinto completará amanhã um ano asilado na embaixada do Brasil em La Paz sem um salvo-conduto do governo da Bolívia para sair do país, mas com uma renovada esperança de consegui-lo, disse nesta segunda-feira à Agência Efe a filha do político, Denise Pinto.

"Passamos este ano com bastante tristeza porque a família está separada, uns estão no Brasil, outros estamos aqui, então é uma situação bastante difícil, mas também estamos esperançosos pelo recurso que foi apresentado no Brasil", declarou Denise.

A filha do senador se referiu ao pedido que Pinto fez ao Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil para que obrigue o Governo Federal a buscar uma solução para seu problema, seja um acordo com a Bolívia ou a facilitação de meios para sua saída do país.

Pinto permanece asilado desde o dia 28 de maio de 2012 na sede da embaixada em La Paz e alega que é vítima de uma "perseguição política" por acusar de corrupção e conivência com o narcotráfico o governo Evo de Morales, que rejeita tal denúncia.

O senador temia ser detido porque enfrentava mais de 20 julgamentos impulsionados pelo governo em diferentes cidades bolivianas.

O Executivo de Morales, por sua vez, negou a permissão de saída ao senador alegando que está envolvido em supostos atos de corrupção.

Denise Pinto explicou que os primeiros meses de clausura foram os mais difíceis para seu pai, que experimentou algumas "mudanças de humor", mas que agora se encontra "tranquilo" e "consciente que seus direitos humanos estão sendo violados".

A respeito do pedido ao STF, indicou que o ponto principal do documento é que se restituam os direitos do senador boliviano, para o que propõem algumas alternativas.

Uma delas é que o Brasil outorgue a Pinto um veículo diplomático para que "possa abandonar o país, levando em conta que os carros diplomatas também gozam da mesma proteção que a embaixada", caso a Bolívia não lhe outorgue o salvo-conduto.

Segundo Denise Pinto, o órgão judicial brasileiro tem programadas audiências para os dias 29 de maio e 5 de junho, nas quais o caso do opositor pode ser abordado.

Acrescentou que espera "que o governo boliviano reconsidere, que veja que não é dono absoluto das leis" e permita a seu pai sair do país.

O ministro das Relações Exteriores boliviano, David Choquehuanca, voltou a rejeitar por sua parte o salvo-conduto reivindicado por Pinto.

"Nós não podemos obstruir as investigações que o órgão judicial está levando adiante (...) e a Bolívia manifestou que não é possível dar salvo-conduto porque as normas não nos permitem", declarou Choquehuanca, segundo a agência estatal "ABI".

O deputado opositor Osney Martínez, da conservadora Convergência Nacional, a mesma de Pinto, comentou hoje à Efe que na prática a embaixada do Brasil se transformou em "uma prisão" para Pinto porque passaram 365 dias de clausura.

Martínez disse que "só em governos de ditaduras se descumprem os tratados internacionais" como os que, segundo sua opinião, o Executivo de Morales não respeita no caso de Pinto.

"Ele é um perseguido político e sua vida está em risco", sustentou, acrescentando que a oposição está pendente das ações judiciais que os advogados de Pinto empreenderam no Brasil.

A oposição e os parentes do opositor realizarão amanhã pela noite um ato em uma praça próxima à sede da embaixada brasileira, e de onde se pode ver uma janela coberta de grades na qual costuma aparecer o político boliviano.

EFE   
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