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Política

ONG: mais cara do País, Câmara do DF gasta R$ 15 mi por deputado

30 nov 2009 - 11h03
(atualizado às 12h14)
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Laryssa Borges
Direto de Brasília

Com seus 24 deputados distritais, o número mínimo previsto em lei, a Câmara Legislativa do Distrito Federal é a mais cara assembleia local do Brasil. Os custos ao contribuinte chegam, segundo levantamento da ONG Transparência Brasil, a R$ 15 milhões por parlamentar em 2009, o que equivale a R$ 1,2 milhão por mês por deputado.

Na última sexta-feira, a Polícia Federal (PF) realizou a Operação Caixa de Pandora, na qual cumpriu mandados de busca e apreensão no Tribunal de Contas do Distrito Federal, na Câmara Legislativa, no anexo do Palácio do Buriti, sede do governo, e em casas de secretários. Segundo a corporação, foi apurado um suposto esquema de propina à base aliada do governo. O secretário de Relações Institucionais do DF, Durval Barbosa, foi o colaborador da investigação e gravou uma conversa em que o governador, José Roberto Arruda (DEM), apareceria negociando com ele o destino de R$ 400 mil.

O custo per capita pelos deputados da Câmara de Brasília é mais que o dobro do de um deputado federal e só é suplantado pelos recursos gastos para arcar com as atividades dos senadores, cujas cadeiras recebem anualmente R$ 34 milhões.

Além dos gastos recordes, a Câmara Legislativa tem deputados com longas fichas corridas na Justiça, incluindo processos de abuso sexual contra menores de idade. A líder do governo na Casa, Eurides Brito (PMDB), que apareceu neste fim de semana em um vídeo recebendo maços de dinheiro como resultado de um possível esquema de pagamento a parlamentares da base aliada, responde a processos, por exemplo, por suspeita de ter feito contratos irregulares na época em que era secretária de Educação. Ela chegou à Câmara após a renúncia de Pedro Passos, apontado pela Operação Navalha, da Polícia Federal, como responsável por desvio de recursos públicos.

O deputado Batista das Cooperativas (PRP), integrante da Comissão de Ética da Câmara, responde a processo judicial por invasão de terrenos públicos e uso de violência em disputas por terras. O mesmo parlamentar é o responsável pela Comissão de Assuntos Fundiários da Câmara Distrital, que tem exatamente como atribuição analisar a legalidade da ocupação de terras públicas na cidade.

Também entre os deputados com ficha suja estão Benício Tavares (PMDB), que teria participado de uma orgia sexual com menores de idade em um barco no Amazonas; o deputado Benedito Domingos (PP), que responde a processo por improbidade administrativa, e os deputados Júnior Brunelli (PSC), Rôney Nemer (PMDB) e Dr. Charles (PTB).

O suposto esquema do governo José Roberto Arruda (DEM), cujos vídeos foram divulgados neste fim de semana, é resultado das investigações da operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal. O esquema de desvio de recursos públicos envolveria empresas de tecnologia e incluiria até o presidente da Câmara Legislativa, Leonardo Prudente, como um dos supostos beneficiários do pagamento de propina.

Único governador do DEM no Brasil, Arruda aparece em um vídeo, durante as investigações feitas pela PF, recebendo maços de dinheiro. As imagens foram gravadas pelo então secretário de Relações Institucionais da gestão do político democrata, Durval Barbosa. Réu em mais de 30 processos, Barbosa denunciou o esquema por conta da delação premiada, acordo feito com a Justiça para diminuição de pena em uma eventual condenação judicial.

Após o escândalo, foram exonerados pelo governador além de Durval Barbosa, o secretário de Educação, José Luiz Valente, o chefe da Casa Civil, José Geraldo Maciel, o chefe de gabinete, Fábio Simão, e o assessor de imprensa Omézio Ponte. Nesta segunda-feira, Arruda dará explicações formais à cúpula do DEM e pode ser expulso da legenda.

Fonte: Terra
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