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Política

Obama terá melhor política para o Brasil que Bush, diz Lula

11 mar 2009 - 07h56
(atualizado às 08h52)
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse esperar que as políticas do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para o Brasil sejam melhores do que as do ex-presidente George W. Bush, em entrevista exclusiva ao jornal americano The Wall Street Journal, publicada nesta quarta-feira, três dias antes do primeiro encontro entre os dois líderes, em Washington.

"As políticas de Bush para o Brasil eram dignas. Mas creio que elas serão infinitamente melhores com Obama", afirmou Lula. Segundo o jornal, a "trajetória incomum" do brasileiro até o poder pode favorecer a relação entre os dois presidentes.

"Lula deixou a escola e trabalhou como operário, perdendo um dedo em um acidente de trabalho. Sua trajetória dá a ele uma enorme reserva de boa vontade em uma região onde há um enorme racha entre ricos e pobres", diz o Wall Street Journal.

"As origens humildes de Lula também fazem aumentar as expectativas de que ele consiga estabelecer um relacionamento especialmente produtivo com Obama, cujo passado tampouco previa a chegada ao poder."

O diário americano afirma que as relações com o Brasil estão subindo no ranking de prioridades dos Estados Unidos, por causa dos recém-descobertos campos de petróleo no litoral do Rio de Janeiro e de São Paulo, e também devido à importância do Brasil na América Latina.

"O Brasil pode ter um papel fundamental na melhora das relações dos Estados Unidos com a América Latina... Lula disse que está insistindo para que o presidente venezuelano Hugo Chávez amenize sua retórica anti-EUA e veja a mudança na administração americana como uma oportunidade para repaginar as relações", diz o Wall Street Journal.

Na entrevista, Lula defendeu o fim do embargo econômico americano para Cuba. "Não há motivos humanos, sociológicos ou políticos para manter o embargo", disse. "Temos que olhar para o futuro, e não podemos fazer política no século 21 baseados no que aconteceu no século 20."

O presidente também voltou a criticar fortemente o protecionismo de recentes medidas adotadas por alguns países para tentar conter a atual crise econômica, dizendo que ele ameaça as economias emergentes. "O protecionismo pode parecer benéfico inicialmente", afirmou. "Mas a longo prazo, ele fere os países, principalmente os países pobres, que precisam vender seus produtos para os países ricos."

Lula alertou que crise ameaça atrapalhar o crescimento que estava diminuindo a pobreza nos países em desenvolvimento, e pediu ajuda financeira e outras medidas para tentar conter seus efeitos. "Não podemos aceitar a idéia de que, por causa da irresponsabilidade dos banqueiros e da irresponsabilidade de alguns líderes, que não regulamentaram o setor financeiro, o resto do mundo tenha que pagar a conta - principalmente os mais pobres", afirmou.

Lula disse acreditar que o Brasil vai evitar a recessão este ano, mesmo se houver contração nos Estados Unidos, na Europa e no Japão. O presidente afirmou, no entanto, que a crise oferece uma oportunidade para que se crie uma economia onde os investidores de Wall Street tenham um papel bem menor. "O mundo será menos falso", disse. "A economia que vai contar será aquela que produzir milho, arroz, um parafuso, um carro, um terno, um relógio."

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