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Política

Obama recebe Dilma para jantar na Casa Branca

30 jun 2015 - 00h12
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Dilma Rousseff foi recebida na noite desta segunda-feira pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para um jantar na Casa Branca, na véspera de uma série de reuniões em Washington que marcarão o progresso da relação bilateral.

O jantar de trabalho na Casa Branca reuniu cerca de 20 convidados, incluindo ministros e assessores dos dois presidentes.

Dilma estava acompanhada de seu chanceler, Mauro Vieira, e do ministro da Defesa, Jaques Wagner, enquanto Obama contou com o vice-presidente, Joe Biden, e Susan Rice, assessora de Segurança Nacional.

Na terça-feira, Dilma manterá uma longa reunião com Obama no Salão Oval da Casa Branca, no que é considerado o primeiro passo de um novo capítulo das relações bilaterais, após os danos causados por denúncias de espionagem de parte dos Estados Unidos.

Além da reunião com Obama, a presidente será homenageada pelo vice-presidente dos EUA, Joe Biden, no departamento de Estado.

Dilma e Obama se encontraram nesta segunda-feira durante uma visita surpresa ao memorial a Martin Luther King, em Washington.

Obama recebeu a presidente no memorial dedicado ao ícone de defesa dos direitos civis nos Estados Unidos e um de seus heróis pessoais, após uma turbulência provocada por revelações de que espiões americanos tinham tido acesso aos telefonemas de Dilma.

A Casa Branca informou que a visita "salienta os muitos valores compartilhados e os fortes vínculos que existem entre os povos americano e brasileiro".

Dilma e Obama conversaram sobre o legado de King por seus esforços em prol da "igualdade e da justiça, e contra o racismo e a intolerância".

Os dois líderes não deram declarações durante a visita, que durou cerca de 20 minutos.

Brasil e Estados Unidos têm, em grande parte de sua população, descendentes de escravos africanos. Ambos também enfrentam problemas para superar a persistente desigualdade racial.

A visita de Dilma a Washington era inicialmente esperada para outubro de 2013, mas foi cancelada depois do vazamento de informações de que a inteligência americana tinha espionado seus telefonemas e os de outros milhões de brasileiros.

A visita de Dilma a Washington coincidiu com o anúncio do departamento de Agricultura de uma flexibilização das restrições à importação de carne bovina de várias regiões do Brasil, exatamente da Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rondônia, São Paulo, Sergipe e Tocantins.

A ministra brasileira da Agricultura, Kátia Abreu, manteve reuniões com altos funcionários americanos do setor agrícola e de segurança fitossanitária, e ao final destacou o encerramento de 15 anos de restrições à carne brasileira.

Já o ministro brasileiro da Defesa, Jaques Wagner, se encontrou no Pentágono com seu homólogo americano, Ash Carter, com quem analisou opções para aprofundar a incipiente cooperação nas áreas de segurança e defesa.

De acordo com o Pentágono, Carter e Wagner discutiram "os preparativos de segurança para os próximos Jogos Olímpicos", que serão realizados em 2016 no Rio de Janeiro.

Em Nova York, Dilma encerrou um seminário com empresários e investidores no qual apresentou as oportunidades de negócios no Brasil na área de infraestrutura.

Dilma negou, em Nova York, as denúncias de que recebeu recursos ilegais para sua campanha procedentes de empreiteiras ligadas à Petrobras.

Visivelmente irritada, a presidente falou com jornalistas, após o encontro com investidores, e disse que as informações resultantes do vazamento à imprensa da suposta delação premiada do dono da empreiteira UTC não são verdadeiras.

"Não tenho esse tipo de prática. Eu não aceito e jamais aceitarei que insinuem qualquer irregularidade sobre mim ou a minha campanha", declarou aos jornalistas.

"Minha campanha recebeu dinheiro legal, registrado, 7,5 milhões de reais. Na mesma época em que recebi os recursos (...), o candidato que concorria comigo também recebeu, com uma diferença muito pequena de valores. Eu estou falando de Aécio Neves", disse sobre o senador do PSDB.

No fim de semana, a revista "Veja" publicou que o empresário Ricardo Pessoa, dono da construtora UTC, deu informações detalhadas de como ele financiou campanhas à margem da lei e distribuiu suborno. O artigo diz que Pessoa usou dinheiro da rede de corrupção da Petrobras para pagar as despesas de 18 personalidades políticas de alto nível.

Segundo as investigações do Ministério Público Federal, 16 empreiteiras formaram um clube, entre elas as construtoras Odebrecht e Andrade Gutierrez - cujos presidentes presos na semana passada -, para definir quem ganharia cada licitação e a que preço. As cotações recebiam o aval dos diretores da Petrobras, que cobraram suborno de 1% a 3% do valor dos contratos e depois distribuíam parte do arrecadado a partidos políticos.

Este esquema provocou prejuízos de mais de 2 bilhões de dólares à Petrobras.

A presidente Dilma não poupou críticas a estes depoimentos. "Nunca recebi esse senhor (...) Estive presa durante a ditadura e sei o que é. Tentaram me transformar em uma delatora. A ditadura fazia isso com as pessoas presas. Eu garanto para você que eu resisti bravamente (...) Eu não respeito delator".

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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