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Política

Novo ministro da Agricultura veste boné da Via Campesina

25 ago 2011 - 23h57
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Empossado na última terça-feira, o novo ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho (PMDB), se reuniu na manhã desta quinta-feira, em seu gabinete, com trabalhadores sem-terra da Via Campesina. Além de ter recebido uma cesta de frutas, ele ganhou e vestiu um boné do grupo.

Novo ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro (PMDB) vestiu boné da Via Campesina durante audiência nesta quinta-feira
Novo ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro (PMDB) vestiu boné da Via Campesina durante audiência nesta quinta-feira
Foto: Mayrá Lima / MST / Divulgação

A audiência ocorreu após o movimento dos sem-terra ter pressionado o governo ocupando o Ministério da Fazenda, em exigência ao cumprimento de uma pauta de reivindicações relativas à reforma agrária. Ao longo do dia, a Via Campesina ainda teve reuniões no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e nos ministérios do Desenvolvimento Agrário e da Educação.

"Vestir o boné da Via Campesina é um gesto importante, mas esperamos que o ministro Mendes Ribeiro possa dar respostas concretas à nossa pauta, para que possamos desenvolver os assentamentos e produzir mais alimentos", disse José Batista de Oliveira, da coordenação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), que participou da audiência.

Os movimentos sociais reivindicam o assentamento imediato das 60 mil famílias acampadas, a recomposição do orçamento do Incra para obtenção terras e a renegociação das dívidas da agricultura familiar, estimada em R$ 30 bilhões. No Ministério da Educação, os trabalhadores cobram medidas contra o fechamento de escolas no meio rural. As mobilizações fazem parte do Acampamento Nacional da Via Campesina, que reúne quatro mil trabalhares desde a segunda-feira em Brasília e integra a Jornada Nacional de Lutas por Reforma Agrária.

A queda do ministro da Agricultura

Em decisão que surpreendeu a própria presidente Dilma Rousseff, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi (PMDB), pediu demissão no dia 17 de agosto de 2011, após uma série de denúncias contra sua pasta e órgãos ligados a ela. Em sua nota de despedida, ele alegou que deixava o cargo a pedido da família e afirmou que todas as acusações são falsas, tendo objetivos políticos como a destituição da aliança de apoio à presidente e ao vice, Michel Temer.

A revista Veja publicou, no final de julho, denúncias do ex-diretor financeiro da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) Oscar Jucá Neto de que um consórcio entre o PMDB e o PTB controlaria o Ministério da Agricultura para arrecadar dinheiro. O denunciante é irmão do senador Romero Jucá, líder do governo no Senado, e foi exonerado após denúncia da própria revista de que teria autorizado o pagamento de R$ 8 milhões a uma empresa "fantasma". Outra reportagem afirmou que um lobista, Júlio Froés, atuaria dentro da pasta preparando editais, analisaria processos de licitação e cuidaria dos interesses de empresas que concorriam a verbas. Segundo a revista, o homem teria ligações com Rossi e com o então secretário-executivo do ministério, Milton Ortolan. Ambos negaram envolvimento, mas Ortolan pediu demissão em 6 agosto. Em seu lugar foi escolhido o assessor especial do ministro José Gerardo Fontelles, que acabou assumindo o lugar do próprio Rossi interinamente.

No dia 16 de agosto, o Correio Braziliense publicou reportagem que afirmava que Rossi e um filho sempre são vistos embarcando em um jato da empresa Ourofino Agronegócios. Conforme a publicação, o faturamento da Ourofino cresceu 81% depois que a empresa foi incluída como fornecedora de vacinas para a campanha contra a febre aftosa. O ministro admitiu que pegou "carona" algumas vezes na aeronave, mas negou favorecimento à empresa e disse que o processo para a companhia produzir o medicamento teve início em 2006, antes de ir para o ministério. Contudo, a Comissão de Ética da Presidência anunciou que iria analisar a denúncia. Por fim, no dia em que Rossi decidiu pedir demissão, o ex-chefe da comissão de licitação da pasta Israel Leonardo Batista afirmou, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, que Fróes lhe entregou um envelope com dinheiro depois da assinatura de contrato milionário da pasta com uma empresa que o lobista representava. A Polícia Federal instaurou um inquérito para tratar o caso.

Fonte: Terra
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