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Política

No NYT, Lula pede renovação do PT e chama jovens à política

16 jul 2013 - 15h41
(atualizado às 15h53)
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Em sua coluna mensal distribuída pelo serviço de notícias do jornal New York Times, dos Estados Unidos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou uma mensagem aos jovens brasileiros: "mesmo quando você está desanimado com tudo e com todos, não desista da política. Participe! Se você não encontrar em outros o político que você procura, você pode achá-lo em si mesmo". Lula falou sobre a onda de protestos que sacudiu o Brasil em junho e disse que o PT precisa de uma profunda renovação. Ele defendeu também as instituições democráticas do País e elogiou o governo da correligionária Dilma Rousseff.

Protesto contra aumento das passagens toma as ruas do País; veja fotos

"Muitos analistas atribuem os recentes protestos a uma rejeição da política, mas eu acho que é precisamento o oposto: eles refletem um esforço para aumentar o alcance da democracia, para incentivar as pessoas a participarem mais plenamente. Eu só posso falar com autoridade sobre o meu país, o Brasil, onde eu acho que as manifestações são em grande parte resultado de sucessos sociais, econômicos e políticos. (...) É completamente natural que os jovens, especialmente aqueles que estão obtendo coisas que seus pais nunca tiveram, desejem mais", salientou Lula.

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O petista lembrou que os jovens de hoje não enfrentam a ditadura militar, a inflação e a estagnação econômica, que marcaram as últimas décadas do País, e reconheceu ser "compreensível" que os manifestantes queiram mais. "As preocupações dos jovens não são apenas materiais. Eles exigem instituições políticas mais limpas e mais transparentes, sem as distorções do sistema anacrônico do Brasil, que recentemente se mostrou incapaz de gerir a reforma. A legitimidade dessas demandas não pode ser negada, mesmo que seja impossível encontrá-las rapidamente", ponderou.

Renovação do PT

Um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores, Lula reconheceu no artigo que a legenda precisa se renovar e voltar a atuar junto aos movimentos sociais. "Mesmo o PT, que ajudou a fundar e tem contribuído muito para modernizar e democratizar a política no Brasil, precisa de profunda renovação. É preciso recuperar suas ligações diárias com os movimentos sociais e oferecer novas soluções para novos problemas, fazendo as duas coisas sem tratar os jovens de forma paternalista".

"Tem-se dito, e com razão, que enquanto a sociedade entrou na era digital, a política permaneceu analógica. (...) A boa notícia é que os jovens não são conformistas, apáticos ou indiferentes à vida pública. Mesmo aqueles que pensam que odeiam a política estão começando a participar. Quando eu tinha sua idade, nunca imaginei que me tornaria um militante político. No entanto, acabamos criando um partido quando descobrimos que o Congresso praticamente não tinha representantes da classe trabalhadora. Através da política conseguimos restaurar a democracia, consolidar a estabilidade econômica e criar milhões de empregos", concluiu Lula.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

O grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Terra
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