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Política

Múcio: PTB não participou do mensalão "em hipótese nenhuma"

26 out 2009 - 12h40
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Laryssa Borges
Direto de Brasília

O ministro José Múcio Monteiro, do Tribunal de Contas da União (TCU), negou nesta segunda-feira que o governo tenha oferecido vantagem financeira ao PTB em troca de votações consideradas prioritárias, como as reformas previdenciária e tributária. O próprio presidente do partido, o deputado cassado Roberto Jefferson (PTB-RJ), foi o responsável por denunciar o escândalo conhecido como mensalão, um esquema de suposta compra de parlamentares como contrapartida ao apoio e aprovação de projetos de interesse do Palácio do Planalto.

Em depoimento à juíza Pollyanna Kelly Martins Alves, na 12ª vara federal em Brasília, Múcio, ex-coordenador político do governo e ex-líder do PTB, confirmou que ele próprio apresentou o então tesoureiro do PT, Delúbio Soares, a Roberto Jefferson, mas disse que a relação das duas legendas se resumia a uma parceria para coligações em Estados e municípios.

"Em hipótese nenhuma (o governo oferecia dinheiro em troca de votações). Votávamos absolutamente favorável ao governo. Governo e PTB tinham uma indiscutível parceria", afirmou. "Não é verdade (dinheiro em troca das reformas)", disse, lamentando a imagem pública do Congresso após o escândalo. "O Brasil todo tem (conhecimento do mensalão). Foi um episódio que maculou o conceito do Legislativo. Foi um ano negro para a democracia", comentou.

Apesar de negar o pagamento a parlamentares em troca de apoio em votações, Múcio confirmou ter participado de uma reunião entre PT e PTB na qual os petistas se comprometeram a repassar R$ 20 milhões ao partido aliado para se investir na campanha eleitoral de 2004. "Sempre havia uma reclamação de falta de dinheiro para a campanha, mas sobre esse negócio de dinheiro, de dar dinheiro (em troca de votações), isso não (ocorreu). O PT havia oferecido recursos ao PTB. A idéia era de uma parceria política para as próximas eleições. A orientação era a de que ficássemos o mais próximo possível do PT nas eleições que estavam se avizinhando", declarou o ministro no depoimento.

Indicado como testemunha de Roberto Jefferson, do empresário Marcos Valério, do ex-deputado José Janene (PP-PR), do deputado Pedro Henry (PP-MT) e do tesoureiro informal do PTB, Emerson Palmieri, José Múcio disse não saber qual era a origem dos recursos prometidos pelo PT. Dos R$ 20 milhões, apenas a primeira parcela, no valor de R$ 4 milhões, teria sido paga.

Na última semana, a juíza Pollyanna Kelly ouviu, entre outros, os depoimentos da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e do deputado e ex-ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Dilma e Palocci integram a lista de autoridades apontadas como testemunhas dos 39 réus do que o Ministério Público Federal classificou como "quadrilha". O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente José Alencar, também arrolados como testemunha, irão enviar seus depoimentos por escrito.

Fonte: Terra
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