PUBLICIDADE

Política

Ministro: inquérito do STF foi determinante para saída de Orlando

26 out 2011 - 17h18
(atualizado às 20h40)
Compartilhar
Diogo Alcântara
Laryssa Borges
Direto de Brasília

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse que o inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) aberto para investigar denúncias de corrupção no Ministério do Esporte foi "determinante" para a a decisão da saída do ministro Orlando Silva, prevista para o fim da tarde. Com a queda de Silva do Esporte, a tendência é que a pasta fique com o mesmo partido, o PCdoB. A legenda é acusada de comandar um esquema de desvio de verbas no programa Segundo Tempo.

"Pode até haver situação de interinidade, é o mais provável", disse o ministro. Se o cenário for desenhado dessa maneira, o comando do ministério ficaria com o correligionário Waldemar Manoel Silva de Souza, secretário-executivo da pasta. Nesta manhã, Carvalho reuniu líderes do PCdoB, além do presidente do partido e também próprio ministro Orlando Silva. "Fiquei impressionado com a maturidade (de Silva, frente ao cenário político)." "Nossa relação com o PCdoB tem maturidade capaz de superar qualquer obstáculo", afirmou o ministro, ainda.

Carvalho fez questão de mencionar a solidez da relação do governo com o PCdoB, mesmo no contexto de crise. Apesar de em Brasília circularem nomes de prováveis sucessores no ministério, o ministro disse que a presidente Dilma Rousseff fará a indicação e não há cotados no momento. "A presidente não tem nenhuma especulação sobre nenhum nome", disse. Dilma já está no Palácio do Planalto após participar da posse de Ana Arraes como ministra do Tribunal de Contas da União (TCU). Ela terá uma audiência com a presidência da Peugeot e, em seguida, deverá receber a carta de demissão de Orlando Silva.

Ex-ministro da Articulação Política, pasta que antecedeu a atual Secretaria de Relações Institucionais, o deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP) seria outro cotado para suceder Orlando Silva no ministério. Rebelo participou da reunião da bancada comunista na Câmara dos Deputados onde a saída de Silva teria sido informada aos parlamentares. Ele evitou, no entanto, comentar publicamente a situação política do correligionário ou sua eventual nomeação como auxiliar de Dilma.

Mais cedo, Aldo tinha assinado um manifesto em defesa do PCdoB, que atribui a "forças conservadoras" os ataques que tem sofrido com suspeitas de participação no esquema de desvios de recursos públicos.

O presidente nacional do PCdoB, Renato Rabello, e o próprio Orlando Silva irão se encontrar com a presidente Dilma no fim desta tarde. "Acho que temos que avaliar a questão politicamente. O PCdoB é um partido político por excelência, é um partido que tem suas convicções e vamos tratar politicamente. Já enfrentamos desafios, embates muito mais complexos que esse", disse o dirigente.

Repasses a ONGs

O governo estuda elaborar um decreto para endurecer as regras de repasses de dinheiro à entidades conveniadas com o governo. Gilberto Carvalho disse que não deve haver suspensão total, mas que o governo deve tomar cuidado com os convênios. "Não significa que o governo quer romper com as entidades, não é isso. O que se quer é mais cuidado", afirmou.

As acusações contra Orlando Silva

Reportagem da revista Veja de outubro afirmou que o ministro do Esporte, Orlando Silva (PCdoB), lideraria um esquema de corrupção na pasta que pode ter desviado mais de R$ 40 milhões em oito anos. Segundo o delator, o policial militar e militante do partido João Dias Ferreira, organizações não-governamentais (ONGs) recebiam verbas mediante o pagamento de uma taxa que podia chegar a 20% do valor dos convênios. Orlando teria recebido, dentro da garagem do ministério, uma caixa de papelão cheia de cédulas de R$ 50 e R$ 100 provenientes dos desvios que envolveriam o programa Segundo Tempo - iniciativa de promoção de práticas esportivas voltada a jovens expostos a riscos sociais.

João Dias Ferreira foi um dos cinco presos no ano passado pela polícia de Brasília sob acusação de participar dos desvios. Investigações passadas apontavam diversos membros do PCdoB como protagonistas das irregularidades, na época da Operação Shaolin, mas é a primeira vez que o nome do ministro é mencionado por um dos suspeitos. Ferreira, por meio da Associação João Dias de Kung Fu e da Federação Brasiliense de Kung Fu, firmou dois convênios, em 2005 e 2006, com o Ministério do Esporte.

O ministro nega as acusações e afirmou não haver provas contra ele, atribuindo as denúncias a um processo que corre na Justiça. Segundo ele, o ministério exige judicialmente a devolução do dinheiro repassado aos convênios firmados com Ferreira. Ainda conforme Orlando, os convênios vigentes vão expirar em 2012 e não serão renovados.

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade