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Política

Ministro da Justiça diz que PF não vazou áudios sobre Cachoeira

4 abr 2012 - 21h03
(atualizado às 21h11)
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O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, defendeu nesta quarta-feira a atuação da Polícia Federal (PF) na Operação Monte Carlo. Para ele, o vazamento de informações foi ruim, mas não ocorreu por parte da PF. "Apenas garanto que não houve vazamento nenhum da Polícia Federal no período em que esse processo estava com ela", disse na Câmara dos Deputados.

O ministro disse que a partir do momento em que o processo passou ser acessado por dezenas de advogados e de pessoas tornou-se "impossível controlar a situação". Mas disse que "a Polícia Federal cumpriu rigorosamente o seu papel. Os fatos estão colocados sob a luz do sol nos autos. Caberá ver como os tribunais apreciarão esses fatos".

Cardozo também disse que a PF cumpriu seu dever nas investigações que levaram à prisão o empresário Carlos Cachoeira, suspeito de explorar jogos ilegais. "Da parte da Polícia Federal posso afirmar que as decisões judiciais foram cumpridas rigorosamente".

Demóstenes e Carlinhos Cachoeira

Em 6 de março de 2012, o senador Demóstenes Torres (GO) subiu à tribuna para dar explicações sobre as denúncias de sua proximidade com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, descoberta pela operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que terminou em fevereiro, com a prisão de Cachoeira e de outras 34 pessoas. Demóstenes disse que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido critérios legais. Dez dias depois, o jornal Folha de S.Paulo publicava um relatório do Ministério Público Federal (MPF) que indicava que o grupo comandado por Cachoeira entregou telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, que admitiu ter recebido o aparelho.

O jornal O Globo noticiou, em 23 de março, gravações da PF que flagraram Demóstenes pedindo para Cachoeira lhe pagar R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo e vazando informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes. Em 27 de março, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado para "acompanhar a evolução dos fatos". No dia seguinte, o Psol entrou com representação contra o parlamentar no Conselho de Ética do Senado e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandovski autorizou a quebra do sigilo bancário de Demóstenes, solicitando ainda um levantamento sobre as emendas e os projetos relatados por ele para saber se Cachoeira, acusado de controlar a máfia dos caça-níqueis e de corromper policiais e políticos em Goiás, foi beneficiado.

Nas gravações, Demóstenes também aparece acertando um suposto lobby pela legalização dos jogos de azar no Congresso em 2009. Em outra conversa, Cachoeira pede ajuda no processo de um delegado e três policiais de Anápolis (GO) acusados de tortura e extorsão. Os dois ainda conversaram sobre um "negócio" milionário na Infraero. Na ocasião, Demóstenes teria se valido da relatoria da CPI do Apagão Aéreo para levantar informações e sondar contratos de informática na estatal.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido decidiu abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda.

Agência Brasil Agência Brasil
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