Marta Suplicy assume Cultura no lugar de Ana de Hollanda
- Diogo Alcântara
- Direto de Brasília
Após rusgas com o Ministério do Planejamento por mais recursos, a ministra demissionária da Cultura, Ana de Hollanda, deixa o cargo dizendo que conseguiu um aumento significativo do orçamento da pasta e chegou a chamar a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, de "minha querida".
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"Minha querida ministra Miriam Belchior, que deu grande apoio ao ministério da Cultura. Se sensibilizou pela demanda da área da cultura e o aumento do nosso orçamento foi considerável - de R$ 3 bilhões", disse Ana, em discurso de despedida.
No mês passado, ela redigiu uma carta na qual reclamava do corte orçamentário em sua pasta. A reclamação incomodou, na ocasião, Belchior e a presidente Dilma Rousseff.
Ao longo da sua fala, Ana de Hollanda elogiou sua sucessora, a senadora Marta Suplicy. "Tenho certeza que ela tem capacidade e todas as condições para exercer esse cargo e fico contente de ela estar conseguindo", afirmou.
Apesar de oficialmente o governo negar terminantemente, a entrada de Marta Suplicy acontece em meio à disputa eleitoral de São Paulo. Preterida da disputa pela administração da maior cidade do País, Marta se negava a dar apoio ao candidato petista, Fernando Haddad. Após duas conversas com a presidente Dilma e um encontro com Lula, Marta aceitou apoiar a candidatura de Haddad e foi chamada para integrar a equipe do governo.
A presidente, em seguida, agradeceu Ana. "Quero dedicar esse momento e agradecer a colaboração da Ana de Hollanda nesse período que esteve no governo. Eu sei que nem sempre foi fácil (...) mas agradeço de coração pela sua lealdade, sacrifício da vida pessoal e a maneira histórica que enfrenteou as pressões muitas vezes injustas e excessivas".
"O governo será eternamente grato por sua atuação à frente do Ministério da Cultura", completou a presidente a Ana de Hollanda.
Nova ministra
Mal deixou o Congresso Nacional, Marta Suplicy tomou posse do Ministrério da Cultura cobrando aprovação de proposição que tramita na Câmara dos Deputados que deverá garantir um montante de R$ 50 ao cidadão para gastos culturais, a exemplo dos conhecidos vale refeição.
"Vou fazer um pedido ao companheiros deputados. Vamos ter o mesmo empenho na aprovação do 'Vale Cultura', que acredito, fará uma evolução na vida do povo brasileiro", pediu.
Na presença da agora chefe, Dilma Rousseff, Marta teceu elogios a presidente. "Existe a realização de trabalhar numa área que eu aprecio e sei da sua relevância. Trabalhar sob o comando de uma mulher forte, arretada a quem eu tanto admiro e com quem dialogo muito bem", afirmou, referindo-se a Dilma.
Dilma, por sua vez, também fez elogios a Marta. "Tenho certeza que senadora e ex-prefeita, a minha amiga e companheira Marta Suplicy, está a altura de levar o Ministério da Cultura, de levar a cultura como prioridade central no meu governo", disse. "A ministra teve uma experiência desafiadora quando comandou a prefeitura de São Paulo. Tenho certeza que você traz duas grandes experiências e múltiplas qualidades, que serão muito úteis ao meu governo", afirmou Dilma.
"Vamos investir R$ 1 bilhão no PAC (Programa de Aceleramento do Crescimento) das cidades históricas para recuperá-las", disse a presidente, após citar nominalmente a cidade de São Luiz (MA), que completa 400 anos. Ao falada da cidade, a presidente fez uma menção particular ao presidente do Senado, José Sarney.
A presidente também lembrou o episódio do aumento do orçamento para a Cultura, após a carta de Ana de Hollanda para Miriam Belchior. A Cultura elevou seu orçamento anual para R$ 3 bilhões. "Trata-se de um aumento de 65% em relação a 2011. Esse é um legado importante que a ministra Ana de Hollanda deixa para Marta Suplicy", avaliou Dilma.
Marta retorna a um ministério quatro anos depois de deixar a pasta do Turismo, ainda no governo Lula, quando proferiu a famosa frase "relaxa e goza" sobre o caos aéreo que o País enfrentava.
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