PUBLICIDADE

Política

Maia: 'não há movimento contrário à CPI' de Cachoeira

17 abr 2012 - 18h58
(atualizado às 20h19)
Compartilhar

O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), negou no final da tarde desta terça-feira que haja qualquer manobra para frear a criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que vai investigar os negócios do contraventor Carlinhos Cachoeira com agentes públicos e privados. "Não há nenhum movimento contrário à CPMI. A decisão já foi tomada e as assinaturas serão entregues hoje", disse Maia.

As expectativas do senador Walter Pinheiro (PT-BA), que tem coletado assinaturas no Senado e na Câmara, são de que o requerimento seja protocolado na Mesa Diretora do Congresso até às 11h de quinta-feira, segundo foi acordado entre os líderes. São necessárias 27 assinaturas de senadores e 171 de deputados federais.

Para a primeira vice-presidente da Câmara de Deputados, Rose de Freitas (PMDB-ES), não há nenhum tipo de impedimento para que o requerimento seja lido em Plenário até o final da semana, mesmo com a licença do presidente do Senado, José Sarney, que se afastou nessa semana por motivos de saúde.

Segundo ele, serão votadas duas medidas provisórias na semana. Hoje, a MP 552/11, que desonera o trigo e o pão, e, amanhã, a MP 553/11, que libera recursos para a prevenção de catástrofes e socorro às vítimas. Maia disse que amanhã será realizada uma nova reunião com os líderes para permitir a votação de outras propostas em sessão extraordinária. "Não haverá mudança no ritmo de votações por conta da CPMI", disse.

Demóstenes e Carlinhos Cachoeira

Em 6 de março de 2012, o senador Demóstenes Torres (GO) subiu à tribuna para dar explicações sobre as denúncias de sua proximidade com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, descoberta pela operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que terminou em fevereiro, com a prisão de Cachoeira e de outras 34 pessoas.

Demóstenes disse que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido critérios legais. Dez dias depois, o jornal Folha de S.Paulo publicava um relatório do Ministério Público Federal (MPF) que indicava que o grupo comandado por Cachoeira entregou telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, que admitiu ter recebido o aparelho.

O jornal O Globo noticiou, em 23 de março, gravações da PF que flagraram Demóstenes pedindo para Cachoeira lhe pagar R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo e vazando informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes. Em 27 de março, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado para "acompanhar a evolução dos fatos".

No dia seguinte, o Psol entrou com representação contra o parlamentar no Conselho de Ética do Senado e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandovski autorizou a quebra do sigilo bancário de Demóstenes, solicitando ainda um levantamento sobre as emendas e os projetos relatados por ele para saber se Cachoeira, acusado de controlar a máfia dos caça-níqueis e de corromper policiais e políticos em Goiás, foi beneficiado.

Nas gravações, Demóstenes também aparece acertando um suposto lobby pela legalização dos jogos de azar no Congresso em 2009. Em outra conversa, Cachoeira pede ajuda no processo de um delegado e três policiais de Anápolis (GO) acusados de tortura e extorsão. Os dois ainda conversaram sobre um "negócio" milionário na Infraero. Na ocasião, Demóstenes teria se valido da relatoria da CPI do Apagão Aéreo para levantar informações e sondar contratos de informática na estatal.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido decidiu abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda.

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade