Lula diz que o Brasil não será depositário de urânio do Irã
- Sandro Lima
- Direto de Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou nesta quarta-feira a hipótese de que o Brasil venha a enriquecer urânio em território nacional. "O Brasil não trabalha com a hipótese de ser depositário do urânio do Irã", afirmou Lula após reunião com o presidente venezuelano Hugo Chávez, no Itamaraty, em Brasília.
Segundo Lula, essa tarefa deve ser desempenhada por países "mais próximos" geograficamente do Irã. Para resolver o impasse envolvendo o programa nuclear iraniano, a Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) propôs ao Irã que enviasse urânio para ser enriquecido em outros países. Rússia e Turquia foram algumas das opções apresentadas. O Irã, entretanto, não aceitou a proposta.
O Irã afirmou querer produzir energia nuclear com fins pacíficos, mas os Estados Unidos se opõem, por entender que o Irã pretende produzir armas nucleares. Para isso, trabalham para obter sanções contra o Irã no âmbito do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
A respeito de uma eventual invasão ao Irã por parte dos Estados Unidos, caso persista o impasse, o presidente Lula disse não acreditar nesta possibilidade. "Não vejo a hipótese dos Estados Unidos invadir o Irã. Isso ainda não foi discutido. O que existe é uma divergência entre Irã e Estados Unidos", disse.
O Brasil defende uma solução negociada e o direito do Irã de produzir energia nuclear e trabalha para que o Irã não construa a bomba nuclear. "O Brasil tem tamanho e grandeza para jogar esse papel no mundo", disse o presidente, referindo-se às tentativas do governo brasileiro na intermediação de um acordo com Teerã. "Cuida de conflitos quem tem experiência de paz, como o Brasil", afirmou.
Nesta quarta-feira, o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, regressou de uma viagem ao Irã para tratar das negociações envolvendo o programa nuclear daquele país. Apesar do apoio a uma saída diplomática ao impasse, Amorim afirmou que o Irã tem que garantir à comunidade internacional que seu programa não tem objetivos militares.
"O Irã deve ter o direito de manter atividades nucleares pacíficas, mas a comunidade internacional deve receber garantias de que não haverá violações nem desvios para o uso em fins militares", afirmou o ministro. "Na maioria das vezes, por algum motivo, pode haver dúvidas e até suspeitas. Mas o que o Brasil diz é que todas essas ambiguidades precisam ser eliminadas", disse.
Com informações da BBC.