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Política

Lula diverte público no fórum em Paris, mas foge da imprensa

12 dez 2012 - 17h53
(atualizado às 19h35)
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O público presente no encerramento do Fórum do Progresso Social, realizado ontem e hoje em Paris, perdeu as contas de quantas vezes foi às gargalhadas com as piadas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em discurso no encerramento do evento nesta quarta-feira. Mas, apesar da aparente descontração do petista, a assessoria de imprensa do Instituto Lula armou um esquema especial de segurança para que os jornalistas presentes na conferência não pudessem se aproximar do ex-chefe de Estado ao final de sua fala. Ele não atendeu aos apelos por um comentário.

Lula participou nesta quarta-feira do Fórum do Progresso Social, em Paris
Lula participou nesta quarta-feira do Fórum do Progresso Social, em Paris
Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula / Divulgação

Desde que chegou na capital francesa, na segunda-feira, o ex-presidente tem evitado a imprensa – sobretudo a partir da terça-feira, quando foi divulgada parte do conteúdo de um depoimento do publicitário Marcos Valério, articulador do mensalão, à Procuradoria-Geral da República. Segundo reportagem publicada no jornal O Estado de S.Paulo, Valério teria relatado que Lula não apenas concordava com a compra de deputados da base aliada como se beneficiava pessoalmente do dinheiro utilizado no esquema.  

Hoje, durante a apresentação do ex-presidente – que durou 1h20min –, os assessores de Lula organizaram a sala de modo a isolar os repórteres em um canto distante do palco, com a passagem barrada por seguranças. Nem mesmo ontem, quando discursaram os presidentes Dilma Rousseff, do Brasil, e François Hollande, da França, um aparato semelhante havia sido montado.  Lula também ignorou os pedidos de entrevista feitos em voz alta, à distância, pelos repórteres. Amanhã, ele viaja para a Espanha, onde permanece até sexta-feira.

Em sua fala no fórum, o petista  aproveitou para alfinetar a imprensa. “Quando político é denunciado, a cara dele sai nos jornais de manhã, de tarde e de noite. Mas vocês já viram a cara de algum banqueiro no jornal?”, questionou. “Sabem por que não sai? Porque são eles que pagam a propaganda nos jornais.”

Mais cedo, ele abordou temas dos mais diversos: da crise na Europa e a recusa das políticas de austeridade à reforma das instituições internacionais; das realizações de seu governo ao reforço do diálogo entre os países em desenvolvimento, sem deixar de dar conselhos de governo ao presidente da França e comparar a globalização política à globalização no mercado do futebol. O tópico em que mais insistiu foi no reforço das instituições multilaterais para desenvolverem um método de obrigarem os países a cumprirem os acordos firmados nas cúpulas internacionais. Na visão de Lula, “a ONU não vale muita coisa em 2012”, e a organização não tem mais força para gerenciar a governança global.

“A ONU não tem que ficar discutindo quantos países da África vão entrar na ONU. Eu acho que é preciso dar mais representatividade e democratizar mais as Nações Unidas, para que a gente possa se valer dela para manter o equilíbrio no mundo“, argumentou. “Algumas pessoas acham que o mundo continua sendo aquele em que Churchill, Stalin e Truman, em volta de um Jack Daniel’s, podem decidir o destino do planeta, e não se dão conta de que tem mais gente no mundo hoje.”

O ex-presidente sublinhou a necessidade de participação da sociedade civil nas decisões econômicas. “O povo tem que brigar para manter o que já conseguiu. Vocês, franceses, precisam lutar para garantir a manutenção do estado de bem-estar social.”

Brincando de se candidatar

Aplaudido em diversas ocasiões, Lula provocou risos em várias outras, como quando disse que "só foi eleito porque os brasileiros tiveram dó de tantas eleições perdidas" por ele, ou ao afirmar que, se o Japão decidir procurar petróleo a 7 km de profundidade, como o Brasil, os operários dos dois países vão acabar se encontrando no interior da Terra. "Qualquer dia desses, a broca brasileira vai catar um japonezinho ali na outra ponta."

Lula ainda brincou com a possibilidade de voltar a se candidatar a um cargo público. Quando explicava que empresários "tinham medo" dele e destacava que "eles jamais ganharam tanto dinheiro na vida como ganharam em seu governo", o ex-presidente afirmou: "eu espero que, se um dia eu voltar a ser candidato, eu tenha o voto deles".

O seminário era organizado pelo Instituto Lula em parceria com a Fundação Jean Jaures, próxima do Partido Socialista. O brasileiro se pronunciou na conferência logo depois do ex-premiê francês Lionel Jospin. 

Fonte: Especial para Terra
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