Lula chama Mercadante antes do líder do PT anunciar saída
Marina Mello
Direto de Brasília
O líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP), anunciou às 13h45, por meio do site de microblogs Twitter, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer conversar pessoalmente com ele antes de ser anunciada sua saída da liderança do partido na Casa. Ele foi comunicado sobre as intenções de Lula por um telefonema do ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro.
Nesta manhã, Mercadante informou que fará um pronunciamento, à tarde, em que anunciará a saída da liderança do PT no Senado. "Eu subo hoje à tribuna para apresentar minha renúncia da liderança do PT em caráter irrevogável", disse, também no Twitter.
Na quarta-feira, Mercadante havia dito, após os arquivamentos dos recursos contra José Sarney (PMDB-AP) no Conselho de Ética, que a crise na Casa contaminou seu partido.
O senador petista foi contra a orientação do partido e defendeu a investigação das ações contra Sarney, o que levou a insatisfação de parte da bancada e do presidente do partido, Ricardo Berzoini, com o parlamentar.
"Ao contrário dos que estão deixando o partido, saio da liderança para disputar, junto à militância, a concepção do PT que eu acredito", complementou o parlamentar, mais cedo, no microblog.
Segundo a assessoria de Mercadante, o senador confirmou que vai falar com Lula, pois disse que deve o encontro ao presidente, "pelos anos de militância em comum". Mercadante havia confirmado inicialmente o comunicado para as 15h. Mais tarde, informou que o pronunciamento deverá atrasar.
Como o presidente Lula cumpre agenda em Mossoró (RN), só desembarcando de volta a Brasília por volta das 18h30, a própria assessoria de Mercadante admite que o discurso de renúncia do parlamentar da liderança do PT pode ser adiado para sexta-feira.
Arquivamentos
Os senadores do Conselho de Ética engavetaram, nesta quarta-feira, por nove votos a seis, os 11 recursos contra o presidente do Senado. As 11 acusações haviam sido arquivadas sumariamente pelo presidente do Conselho de Ética, senador Paulo Duque (PMDB-RJ), aliado de Sarney. Ele alegou que todas as denúncias são baseadas em notícias de jornais e nenhum documento foi anexado para embasar a acusação. A oposição recorreu dos 11 arquivamentos e, por isso, eles foram a votação nesta quarta-feira, sendo vetados definitivamente.
Desde que assumiu o comando do Senado, José Sarney é acusado de cometer uma série de irregularidades, que incluem responsabilidade na edição dos chamados atos secretos, desvio de recursos de um patrocínio feito pela Petrobras à fundação que leva seu nome, além da prática de tráfico de influência em favor do namorado de uma neta sua. O PSDB e o Psol ajuizaram, ao todo, cinco representações contra o peemedebista. Outras seis denúncias foram protocoladas pelos senadores Arthur Virgílio e Cristovam Buarque (PDT-DF).
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