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Política

Livro revela envolvimento de Dilma no maior assalto da ditadura

2 nov 2011 - 10h25
(atualizado às 12h48)
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Daniel Favero

Ficha criminal de Dilma, aos 22 anos de idade, após ser capturada pelos órgãos de repressão da ditadura
Ficha criminal de Dilma, aos 22 anos de idade, após ser capturada pelos órgãos de repressão da ditadura
Foto: Reprodução / Terra

Diferentemente do que se imagina, Dilma Rousseff não participou do maior roubo praticado por organizações de esquerda para financiar a luta armada contra a ditadura no Brasil na década de 60. Sua atuação se deu na partilha e na troca dos US$ 2,5 milhões (cerca de R$ 25 milhões em valores atuais) levados do cofre da amante do ex-governador paulista Adhemar de Barros, um político populista definido como uma mistura de Paulo Maluf e Silvio Berlusconi, que recebeu de seus inimigos políticos a expressão "rouba, mas faz", da qual tinha até certo orgulho.

Todas essas revelações estão no livro O Cofre do Dr. Rui, lançado neste mês pela editora Civilização Brasileira, escrito pelo jornalista Tom Cardoso. A obra elucida como ocorreu o planejamento e o roubo do cofre. Por meio do depoimento do ex-marido de Dilma, Carlos Araújo, que era um dos chefes da organização Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares), responsável pela ação, a participação da hoje presidente da República é esclarecida.

O cofre roubado era alimentado com dinheiro desviado por Adhemar de Barros, conhecido pelas grandes obras e acusações de corrupção. "Na época, não havia desvio de dinheiro como hoje para paraísos fiscais, então o dinheiro era guardado em diversos cofres espalhados pelo Brasil", afirma o autor. Após a morte do político, o cofre ficou com sua amante, a socialite viúva Ana Capriglione, a quem ele chamava de Dr. Rui, nome de seu dentista, "para não levantar suspeitas da família e dos jornalistas, apesar de todo mundo saber do que se tratava".

Ana ou Dr. Rui guardou o dinheiro em uma mansão localizada no bairro de Santa Teresa, no rio de Janeiro, onde vivia seu irmão e outra família. Na casa, morava o estudante secundarista esquerdista Gustavo Schiller que ficou sabendo sobre a existência do cofre e passou a informação para integrantes da VAR-Palmares.

"Eles (a organização) acabam conseguindo roubar esse cofre, mas descobrem que tem muito mais dinheiro do que imaginavam, cerca de US$ 2,5 milhões, que hoje equivalem a cerca de R$ 25 milhões", conta Cardoso. "Em depoimento à polícia, Ana disse que não havia nada dentro do cofre, já que o dinheiro era fruto de corrupção. Tudo mundo sabia que não, mas a versão oficial é de que estava vazio".

O valor era tão alto que os guerrilheiros tiveram dificuldade para administrar a fortuna. Cerca de US$ 1 milhão foi enviado para a Argélia, onde a organização tinha contatos, parte foi apreendida pela repressão nas invasões aos aparelhos (esconderijos), parte foi torrada por aproveitadores, parte foi enterrada e nunca encontrada em algum lugar do ABC paulista e cerca de US$ 300 mil foram trocados por Cruzeiros Novos, com participação direta de Dilma.

"No exterior, vários personagens entram na história, entre eles um francês que usaria o dinheiro para abrir uma livraria esquerdista, mas que na verdade fugiu com o dinheiro, tem o Expedito Pereira, que é um cara que se envolve com o Carlos Chacal (terrorista venezuelano), que começa a esbanjar viajando de primeira classe. Era um guerrilheiro que, na verdade, era um playboy", diz Cardoso.

Dilma se passa por gringa
Segundo o autor, o envolvimento de Dilma acabou sendo maior do que o esperado na troca do dinheiro. Ela se disfarçou de gringa para trocar US$ 1 mil em uma casa de câmbio localizada no Hotel Copacabana Palace, uma das poucas existiam na época, e também participou da troca de outros US$ 300 mil negociados com o banco Bradesco. O funcionário do banco propôs trocar todo o dinheiro, mas os guerrilheiros ficaram desconfiados e resolveram trocar uma parte que hoje equivaleria a mais de R$ 1 milhão.

"Naquela época, os grandes bancos não tinham acesso à dólares. A moeda era comprada apenas pelo governo, então era interessante para o Bradesco comprar dólares e era interessante para militantes vender os dólares com um bom preço", diz.

Ao iniciar a investigação para o livro, Cardoso conta que existia muita especulação sobre o destino do dinheiro, mas pouca coisa ficou provada. Quando foi presa em São Paulo, Dilma estava com parte do dinheiro que seria distribuído para a organização naquele Estado. "Existe muita lenda. Quando dizem que ela ficou rica com o dinheiro do cofre, é muita bobagem", afirma.

Cinema

O maior roubo da luta armada contra a ditadura brasileira, e talvez maior até do que ações realizadas por guerrilheiros em outros países latino americanos, pode chegar ao cinema. Segundo Tom Cardoso, os direitos foram vendidos para Rodrigo Teixeira, responsável por filmes como O Cheiro do Ralo, e O Casamento de Romeu e Julieta.

O livro:

Nome:

O Cofre do Dr. Rui

Editora: Civilização Brasileira

Autor: Tom Cardoso

Páginas: 176

Valor: R$ 29,90

Fonte: Terra
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