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Política

Lista traz torturador de Dilma e ex-diretor do IML paulista

Comissão Nacional da Verdade apresentou relação de 377 agentes que cometeram violações de direitos humanos na ditadura

10 dez 2014 - 17h05
(atualizado às 21h53)
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<p>A presidente Dilma Rousseff se emociona ao falar sobre as vítimas e parentes de mortos e desaparecidos da ditadura, em cerimônia de entrega do relatório final da Comissão Nacional da Verdade, nesta quarta-feira</p>
A presidente Dilma Rousseff se emociona ao falar sobre as vítimas e parentes de mortos e desaparecidos da ditadura, em cerimônia de entrega do relatório final da Comissão Nacional da Verdade, nesta quarta-feira
Foto: Lúcio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados

A lista dos 377 autores de crimes praticados durante a ditadura militar brasileira, divulgada hoje pela Comissão Nacional da Verdade, traz os nomes de militares, diplomatas, médicos legistas, policiais e até presidentes que cometeram graves violações de direitos humanos.

Os que continuam vivos estão todos soltos.

Veja abaixo o que disse o relatório da Comissão da Verdade sobre alguns agentes que tiveram papel de destaque na repressão, entre eles o capitão do Exército Benoni de Arruda Albernaz, que torturou a então militante e hoje presidente da República Dilma Rousseff (PT), e o ex-diretor do Instituto Médico de Legal (IML) de São Paulo Harry Shibata, acusado de emitir laudos necroscópicos fraudulentos. 

Benoni de Arruda Albernaz (1933-1993)

Capitão do Exército. Serviu no Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) do II Exército, em São Paulo. Teve participação em casos de tortura, execução, desaparecimento forçado e ocultação de cadáver. Vítimas relacionadas: Virgílio Gomes da Silva e Tito de Alencar Lima (1969); Dilma Vana Rousseff e José Maria Ferreira de Araújo (1970); Gilberto Natalini (1972).

Harry Shibata (1927-)

Médico-legista e diretor do Instituto Médico Legal do estado de São Paulo (IML/SP). Em 1980, teve seu registro profissional cassado pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo, condenado pela emissão de atestados de óbito e laudos necroscópicos fraudulentos. Recebeu a Medalha do Pacificador em 1977. Vítimas relacionadas: Carlos Marighella (1969); Edson Neves Quaresma e Yoshitane Fujimori (1970); Luiz Hirata (1971); Luiz José da Cunha, Helber José Gomes Goulart, Emmanuel Bezerra dos Santos, Manoel Lisbôa de Moura, Sônia Maria de Moraes Angel Jones e Antônio Carlos Bicalho Lana (1973); José Ferreira de Almeida, Vladimir Herzog e Manoel Fiel Filho (1975); Pedro Ventura Felipe de Araújo Pomar, João Batista Franco Drumond e Neide Alves dos Santos (1976).

<p>O coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, que comandou o DOI-CODI de SP entre 1970 e 1974, durante depoimento à Comissão Nacional da Verdade</p>
O coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, que comandou o DOI-CODI de SP entre 1970 e 1974, durante depoimento à Comissão Nacional da Verdade
Foto: Wilson Dias / Agência Brasil

Carlos Alberto Brilhante Ustra (1932-)

Coronel do Exército. Comandante do Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) do II Exército de setembro de 1970 a janeiro de 1974. Foi instrutor da Escola Nacional de Informações em 1974 e, do final desse ano a novembro de 1977, serviu no Centro de Informações do Exército (CIE), em Brasília, tendo atuado na seção de informações do e chefiado a seção de operações. No período em que esteve à frente do DOI-CODI do II Exército ocorreram ao menos 45 mortes e desaparecimentos forçados por ação de agentes dessa unidade militar, em São Paulo.

Newton Araújo de Oliveira e Cruz (1924-)

General de divisão. Chefe da agência central do SNI à época do atentado no Riocentro, no Rio de Janeiro, em 1981, tendo sido denunciado pelo Ministério Público Federal em 2014, por sua participação no evento.

Sebastião Curió Rodrigues de Moura (1938-)

Coronel do Exército. Conhecido também como “Curió” ou “doutor Luchinni”, esteve vinculado ao Centro de Informações do Exército (CIE). Serviu na região do Araguaia, onde esteve no comando de operações em que guerrilheiros do Araguaia foram capturados, conduzidos a centros clandestinos de tortura, executados e desapareceram. Participou da Operação Sucuri, em 1973, e comandou o posto de Marabá (PA) durante a Operação Marajoara, de outubro de 1973 até o final de 1974. Conforme sua folha de alterações, em 1974 foi elogiado pelo chefe da 2ª seção e coordenação executiva do Centro de Operações de Defesa Interna/Comando Militar do Planalto (CODI/CMP), que registrou que Curió, “na árdua tarefa de combate à subversão, demonstrou não somente coragem e arrojo, como habilidade e imaginação na solução dos problemas com que se deparou”. Foi denunciado pelo Ministério Público Federal no ano de 2012 por ter promovido, em 1974, a privação permanente da liberdade, mediante sequestro, de cinco pessoas: Antônio de Pádua Costa, Daniel Ribeiro Callado, Hélio Luiz Navarro de Magalhães, Maria Célia Corrêa e Telma Regina Cordeiro Corrêa. Em depoimento registrado no livro Mata! O major Curió e as guerrilhas no Araguaia (Nossa, Leonencio. São Paulo: Companhia das Letras, 2012), admite que participou do episódio da morte de Lúcia Maria de Souza, estando na companhia do tenente-coronel Carlos Sergio Torres, do tenente-coronel Pedro Luiz da Silva Osório, do tenente-coronel Léo Frederico Cinelli, do segundo-sargento José Conegundes do Nascimento, do subtenente João Pedro do Rego e, ainda, do major Lício Augusto Ribeiro Maciel, ferido no episódio. Ainda conforme registro na obra referida, reconhece que participou da prisão de Dinalva Oliveira Teixeira e Luiza Augusta Garlippe, em 1974, e o sargento João Santa Cruz Sacramento relata ter visto Curió embarcar com Dinaelza Santana Coqueiro em um helicóptero e que Curió teria participado de sua execução, bem como interrogado Suely Yumiko Kanayama na base da Bacaba (PA). Raimundo Nonato dos Santos, em depoimento ao Ministério Público Federal, em 2001, declarou que Nelson Lima Piauhy foi morto em uma operação comandada pelo então capitão Curió. Após ser convocado em três oportunidades pela CNV, apresentou atestado médico para justificar a impossibilidade de comparecimento, não tendo sido acolhida oferta da Comissão para coleta de depoimento domiciliar ou hospitalar. Recebeu a Medalha do Pacificador com Palma em 1973. Vítimas relacionadas: Antônio de Pádua Costa, Daniel Ribeiro Callado, Hélio Luiz Navarro de Magalhães, Maria Célia Corrêa, Telma Regina Cordeiro Corrêa, Dinalva Oliveira Teixeira, Nelson Lima Piauhy Dourado, Luiza Augusta Garlippe, Dinaelza Santana Coqueiro e Suely Yumiko Kanayama (1974).

Fonte: Terra
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