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Julgamento do Mensalão

STF divide mensalão e Dirceu será julgado na semana pré-eleições

19 set 2012 - 20h21
(atualizado às 21h37)
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Gustavo Gantois
Direto de Brasília

O julgamento da ação penal do mensalão sofrerá mais um fatiamento. Na sessão desta quinta-feira, após terminar a leitura de seu voto sobre os crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha nos partidos políticos, Barbosa passará a palavra ao revisor Ricardo Lewandowski. Com isso, a análise das condutas de José Dirceu, Delúbio Soares e José Genoino, acusados de corrupção ativa, ficará para a semana que vem.

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Com a nova divisão, os ex-lideres do Partido dos Trabalhadores (PT) estarão na berlinda justamente na semana que antecede o primeiro turno das eleições. A previsão é que Barbosa termine na sessão de amanhã a parte de seu voto que diz respeito ao ex-deputado José Borba. Lewandowski, por sua vez, deve iniciar em seguida seu voto revisor e terminá-lo apenas na quarta-feira da semana que vem, quando os outros ministros poderão votar - o que deve consumir toda a sessão de quinta-feira.

Barbosa vinha mostrando desde o início da análise do capítulo 6 da denúncia sua disposição em analisar separadamente os crimes de corrupção passiva e corrupção ativa. Segundo relatou a assessores, não haveria motivação política na decisão. "É apenas uma questão de organização. Os ministros estão cansados até mesmo de ouvir. Esse é o maior capítulo da ação penal, são 23 réus. A divisão facilita a compreensão", justificou um assessor.

Até agora, Joaquim Barbosa só pediu a absolvição de um réu ligado aos partidos políticos: Antonio Lamas, ex-assessor do Partido Liberal (PL). O relator entendeu que são culpados por corrupção passiva o ex-deputado e atual presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, delator do mensalão; ex-deputado do PTB Romeu Queiroz; o ex-secretário do partido Emerson Palmieri; o deputado federal Valdemar Costa Neto, ex-presidente do PL (atual PR); Jacinto Lamas, ex-tesoureiro do PL; e o ex-deputado do PL Bispo Rodrigues.

O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.

Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.

Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.

A ação penal começou a ser julgada em 2 de agosto de 2012. A primeira decisão tomada pelos ministros foi anular o processo contra o ex-empresário argentino Carlos Alberto Quaglia, acusado de utilizar a corretora Natimar para lavar dinheiro do mensalão. Durante três anos, o Supremo notificou os advogados errados de Quaglia e, por isso, o defensor público que representou o réu pediu a nulidade por cerceamento de defesa. Agora, ele vai responder na Justiça Federal de Santa Catarina, Estado onde mora. Assim, restaram 37 réus no processo.

José Dirceu estará na berlinda na semana que antecede o primeiro turno das eleições
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Foto: Fábio Pozzebom / Agência Brasil
Fonte: Especial para Terra
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