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Julgamento do Mensalão

Réu do mensalão, Jefferson passa por exames pré-operação

27 jul 2012 - 12h24
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Giuliander Carpes
Direto do Rio de Janeiro

Delator do esquema do mensalão e um dos principais réus do julgamento marcado para iniciar em 2 de agosto no Supremo Tribunal Federal (STF), Roberto Jefferson passará por exames pré-operatórios nesta sexta-feira, no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro. No sábado, o presidente nacional do PTB passará por uma cirurgia para retirada de um tumor no pâncreas. O procedimento será realizado pelo cirurgião José Ribamar Saboia Azevedo.

Roberto Jefferson, atual presidente do PTB, afirma que julgamento do mensalão vai afetar partidos políticos
Roberto Jefferson, atual presidente do PTB, afirma que julgamento do mensalão vai afetar partidos políticos
Foto: Wilson Dias / Agência Brasil

Saiba quem são os 38 réus do mensalão

Está marcado para hoje uma ressonância magnética e tomografia computadorizada do abdômen, além de testes cardíacos e exames de sangue e avaliações clínicas. Em reportagem divulgada nesta sexta-feira pelo jornal Folha de S.Paulo, ele atribuiu ao surgimento do câncer à pressão que sofre desde que denunciou o esquema, em 2005. "Isso é pressão, é pau. Foi um para-choque meu. Tensão, pressão, sofrimento. Tem um lugar em que explode. Eu somatizei. (...) Não é consequência do julgamento, é a briga toda. As pressões todas do processo, a cassação, a luta."

Roberto Jefferson já havia classificado como "absurda" a decisão política do Ministério Público sobre seu indiciamento por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A defesa do delator do mensalão deverá recorrer à mesma artimanha utilizada pelo ex-presidente Fernando Collor de Mello em seu julgamento no Supremo, em 1994. O advogado do ex-deputado dirá que a acusação não conseguiu provar a existência do "ato de ofício", quando há materialidade de que alguém tirou proveito de uma suposta corrupção. "Eu não serei preso. Não serei. Não sei os outros réus. Minha convicção é com base no meu coração. Não serei preso", disse o ex-deputado

O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.

Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.

Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.

Fonte: Terra
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