PUBLICIDADE

Julgamento do Mensalão

Pedro Henry é o único réu do mensalão a não entregar passaporte

13 nov 2012 - 20h11
(atualizado às 21h00)
Compartilhar
Gustavo Gantois
Direto de Brasília

Encerrado o prazo estipulado pela Justiça, o deputado federal Pedro Henry (PP-MT) é o único réu do processo do mensalão que não entregou o passaporte ao Supremo Tribunal Federal (STF). Condenado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Henry informou, por meio de sua assessoria, que não recebeu qualquer notificação e, por isso, descumpriu a decisão judicial.

"Já estou rouco e cansado de ouvir", desabafou Gilmar Mendes após longas horas de julgamento
"Já estou rouco e cansado de ouvir", desabafou Gilmar Mendes após longas horas de julgamento
Foto: STF / Divulgação

Confira o placar do julgamento voto a voto

Conheça o destino dos réus do mensalão

Saiba o que ocorreu no julgamento dia a dia

Mensalãopédia: conheça os personagens citados no julgamento

Mensalão Kombat: veja as 'batalhas' entre Barbosa e Lewandowski

Na quarta-feira da semana passada, o ministro Joaquim Barbosa, relator do processo, determinou a entrega dos passaportes de todos os condenados. A decisão foi publicada no Diário Oficial da Justiça no dia seguinte e evitou que cada um dos réus tivesse de ser intimado pessoalmente.

Pedro Henry, no entanto, argumenta que como a decisão sobre a entrega do passaporte não é um ato processual, mas sim um ato pessoal, os advogados precisam ser intimados pessoalmente. Procurado, o ministro Joaquim Barbosa informou, por meio de seu gabinete, que o documento pode ser entregue amanhã, sem prejuízo ao deputado. Caso o político se recuse a entregar o passaporte, o STF acionará a Polícia Federal para realizar a apreensão.

Nesta terça-feira, o Supremo recebeu os passaportes de Delúbio Soares, Ramon Hollerbach, José Borba, Romeu Queiroz, João Paulo Cunha, Breno Fischberg, Enivaldo Quadrado, Emerson Palmieri, Valdemar Costa Neto, Roberto Jefferson e Henrique Pizzolato.

Ainda ontem, as defesas de Simone Vasconcelos, Cristiano Paz, Jacinto Lamas, José Genoino, José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Kátia Rabello entregaram os documentos. O ex-deputado Bispo Rodrigues enviou uma petição ao Supremo informando que o seu passaporte foi entregue à Polícia Federal em 2006, durante as investigações, e que não teria renovado o documento. Apesar de a PF não confirmar o recolhimento, a petição enviada ao Supremo já basta, segundo o gabinete de Barbosa.

Na semana passada, entregaram os passaportes ao STF os réus Rogério Tolentino, João Cláudio Genu, Pedro Corrêa, Marcos Valério e José Dirceu.

A decisão de reter os passaportes foi tomada na quarta-feira passada, depois do pedido feito há duas semanas pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel. A requisição foi feita após a revelação de que Henrique Pizzolato, ex-diretor de marketing do Banco do Brasil condenado por corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro, viajou para a Itália ainda durante o julgamento. Logo em seguida, o ex-deputado Romeu Queiroz, também condenado, saiu do Brasil para passar uma semana em Curaçao, no Caribe.

O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.

Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

A então presidente do Banco Rural, Kátia Rabello, e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.

Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e o irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.

A ação penal começou a ser julgada em 2 de agosto de 2012. A primeira decisão tomada pelos ministros foi anular o processo contra o ex-empresário argentino Carlos Alberto Quaglia, acusado de utilizar a corretora Natimar para lavar dinheiro do mensalão. Durante três anos, o Supremo notificou os advogados errados de Quaglia e, por isso, o defensor público que representou o réu pediu a nulidade por cerceamento de defesa. Agora, ele vai responder na Justiça Federal de Santa Catarina, Estado onde mora. Assim, restaram 37 réus no processo.

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade