Ministros querem que Estado proteja Valério, diz jornal
3 nov2012 - 08h33
(atualizado em 5/11/2012 às 10h30)
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Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) defendem que o operador do mensalão, o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, receba algum tipo de proteção do Estado. As informações foram publicadas neste sábado pela Folha de S. Paulo.
Condenado pelo tribunal a mais de 40 anos de prisão, Valério teria dito que teme por sua vida, o que, de acordo com os ministros, não pode ser subestimado. Ainda segundo informações do jornal, o empresário se diz disposto a revelar ao Ministério Público detalhes inéditos sobre o esquema que ajudou a organizar durante o governo Lula, caso tenha auxílio da Polícia Federal(PF). Dessa forma, a PF passaria a monitorar o réu constantemente e analisar se o risco de vida é real. Já na prisão, ele poderia ainda ter tratamento diferenciado, como ficar em cela isolada. A decisão caberá ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel.
Sete anos depois da CPI dos Correios trazer à tona a suposta existência do mensalão, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu foi julgado pelo caso e considerado culpado do crime de corrupção ativa pelo STF. Homem de confiança de Lula, o político tem sua trajetória marcada pelas passagens pela presidência do PT, uma candidatura fracassada ao governo de São Paulo e o título de 2º deputado mais votado no Brasil nas eleições de 2002
Foto: José Cruz / Agência Brasil
Dia 06 de agosto de 2012, STF iniciou a fase de exposição das defesas e José Luis de Oliveira Lima, advogado de Dirceu, foi o primeiro a falar. Segundo ele, a Procuradoria Geral da República (PGR) não conseguiu provar que seu cliente era chefe da 'quadrilha do mensalão'. "O Ministério Público não comprovou sua tese não por incompetência, não por inércia. Mas sim, porque não é verdade que existiu a propalada compra de votos"
Foto: Nelson Jr./STF / Divulgação
Imagem mostra momento em que, junto com outros presos políticos, Dirceu desembarca do avião Hércules da FAB, no aeroporto da cidade do México, em setembro de 1969. No período em que o Brasil passava pelo regime ditatorial, o político foi preso ao participar do 30º Congresso da União Nacional dos Estudantes, em Ibiúna (SP). Dirceu foi um dos 15 presos libertados em troca da soltura do embaixador americano Charles Burke Elbrick
Foto: Arquivo pessoal / Reprodução
Solto, Dirceu se exilou em Cuba, mas voltou ao Brasil, na clandestinidade, diversas vezes. Foto de 1978 mostra o político com o filho Zeca, em Cruzeiro do Oeste (PR), cidade aonde ele chegou a viver clandestinamente por cinco anos
Foto: Arquivo pessoal / Reprodução
Foto de 1982 mostra Dirceu participando do encontro do Diretório Nacional do PT, legenda que ajudou a fundar. Na mesma época, ele atuou no movimento pela anistia dos acusados de atuação política e coordenou a campanha pelas eleições diretas para a Presidência da República
Foto: Arquivo pessoal / Reprodução
Imagem da esquerda mostra Dirceu em seu gabinete enquanto cumpria o mandato de deputado estadual, iniciado em 1986. À direita, Dirceu aparece discursando em seu retorno como deputado federal, em junho de 2005, após tirar licença para assumir como chefe da Casa Civil. No período, entre 1986 e 2005, foram três mandatos como deputado federal (1990, 1998 e 2002) e um como estadual (1986)
Foto: Arte / Terra
Dirceu traz em sua história uma candidatura fracassada ao governo de São Paulo. Em 1994, ano que Mário Covas foi eleito pelo PSDB, o ex-ministro ficou em 3º lugar. Foto mostra Dirceu e Lula em dos comícios da campanha
Foto: Manu Dias / Arquivo pessoal / Reprodução
Em janeiro de 2003, José Dirceu foi empossado por Lula como ministro-chefe da Casa Civil
O mandato foi interrompido em 16 de julho de 2005, quando Dirceu pediu demissão, pressionado pelas declarações do então deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), que o indicou como chefe do esquema do mensalão. "Hoje, pedi e comuniquei ao presidente Lula que quero voltar à Câmara dos Deputados", disse ele em uma coletiva de imprensa no Palácio do Planalto
Foto: José Cruz / Agência Brasil
Com o pedido de demissão, 30 meses após atuar como ministro da Casa Civil, Dirceu passou o cargo para a então ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff. A cerimônia de transmissão, que ocorreu no dia 21 de Junho de 2005, contou com a presença de Lula. Ao deixar pasta, Dirceu retomou o mandato como deputado federal
Foto: RicardoStuckert / PR / Divulgação
Imagem mostra momento em que Dirceu chega à Câmara dos Deputados para reassumir seu cargo, no dia 22 de junho de 2005. Cerca de 100 militantes e parlamentares do PT aguardavam o ex-ministro com faixas, bandeiras do partido e gritos de apoio
Foto: Marcello Casal Jr. / Agência Brasil
"Volto para defender o meu governo, o PT e meu mandato", disse Dirceu em seu discurso de retomada. Além de repudiar as acusações de envolvimento no mensalão, o ex-ministro disse que voltara para "ir ao Conselho de Ética da Câmara, à Corregedoria, para prestar todos os esclarecimentos necessários"
Foto: José Cruz / Agência Brasil
No dia 2 de agosto de 2005, Dirceu depôs por cerca de sete horas no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara. Em sua fala, o ex-ministro negou as acusações de Jefferson - que acompanhou a sessão na primeira fila. "Não organizei, não sou chefe, jamais permitiria compra de votos ou de parlamentares. Não é verdade que sou responsável pelo mensalão", disse Dirceu
Foto: Futura Press
A partir de representação apresentada pelo PTB, no dia 10 de agosto de 2007, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara decidiu abrir processo por quebra de decoro parlamentar contra Dirceu
Foto: Futura Press
Em 4 de novembro de 2005, o Conselho de Ética da Câmara aprovou, por 13 votos a 1, o relatório favorável à cassação de José Dirceu. A decisão foi igual a uma votação anterior, do dia 27 de outubro, que havia sido anulada pelo STF por se basear em informações sigilosas. Foto mostra José Luiz (esq.), advogado do ex-ministro, durante uma das reuniões do conselho
Foto: Futura Press
No dia 29 de novembro de 2005, Dirceu foi agredido por um idoso na saída do plenário da Câmara. Munido de uma bengala com uma ponta de ferro, o escritor Yves Humblet, com então 67 anos, disparou alguns golpes contra o ex-ministro. "Nada me intimida. Nada me fará voltar atrás na determinação de provar minha inocência", disse Dirceu após o episódio
Foto: Terra
Em 30 de novembro de 2005, o Plenário da Câmara aprovou, por 293 votos contra 192, a cassação do mandato de Dirceu, o tornando inelegível por oito anos. Antes de a votação iniciar, o ex-ministro falou aos parlamentares. "Sou acusado de ser chefe do mensalão, mas cada deputado ou deputada aqui sabe que não é verdade. Esta Câmara está me julgando, mas também está se colocando em julgamento"
Foto: J. Batista e Laycer Tomaz / Agência Câmara
Um dia após ser cassado, Dirceu falou por cerca de duas horas com jornalistas sobre seu futuro. Considerando a decisão do plenário "uma violência e um erro gravíssimo", o ex-ministro prometeu continuar na luta política e retomar o projeto de escrever um livro sobre a sua experiência à frente da Casa Civil. "É como se eu tivesse perdido a minha própria vida. É uma dor que vocês não podem imaginar. Espero ter forças para superar", disse ele
Foto: Agência Câmara
Dirceu foi vaiado por estudantes durante sua palestra sobre política e mídia, no auditório da PUC-MG, em 10 de maio de 2006. Um mês depois, ele foi denunciado, junto com outros 39 acusados, por envolvimento no esquema do mensalão. O ex-ministro foi denunciado pelos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha
Foto: Futura Press
O ex-ministro foi à cerimônia de balanço de oito anos do governo Lula, no dia 15 de dezembro de 2010. O levantamento, assinado pelos então ministros de todas as pastas, foi registrado em um cartório. Nesta época, Dirceu figurou mais nos bastidores da política e algumas palestras em faculdades do Brasil. Ao lado de Lula e Dilma, em 2 de setembro de 2011, ele participou do 4º Congresso Nacional do PT
Foto: Wilson Dias / Agência Brasil
Como havia prometido, o ex-ministro lançou, em 28 de setembro de 2011, um livro sobre sua trajetória na Casa Civil. Tempos de Planície foi lançado em um restaurante de Brasília com a presença de diversas autoridades. "O Zé Dirceu é como Che Guevara. É um sujeito polêmico, mas que tem muito prestígio. Não tem constrangimento não. Metade da República está aqui", disse Paulinho da Força na ocasião. Na foto, José Genoino cumprimenta Dirceu
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil
No dia 2 de agosto de 2012, o STF iniciou julgamento da Ação Penal 470, o mensalão. A sessão começou com a leitura da acusação, feita pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel
Foto: Nelson Jr./STF / Divulgação
Em 1968, José Dirceu (à esq.) conduziu, ao lado de Luís Travassos (dir.), uma assembleia estudantil na praça da República, em São Paulo. Mineiro de formação política paulista, Dirceu galgou a carreira ainda nos tempos da faculdade de Direito - iniciada em 1965 e concluída em 1983-, quando liderou o movimento estudantil, chegando à presidência da União Estadual dos Estudantes