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Julgamento do Mensalão

Advogado cogitou 'baranga' antes de chamar cliente de mequetrefe

9 ago 2012 - 09h21
(atualizado às 11h32)
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Matéria publicada no jornal O Globo desta quinta-feira revela que a ex-gerente financeira da agência SMP&B, Geiza Dias, uma dos 38 réus do processo do mensalão, "adorou" ter sido chamada de funcionária "mequetrefe" por seu advogado. Paulo Sérgio Abreu, que usou o adjetivo para dizer que sua cliente não tinha poder de decisão na agência e, por isso, não poderia ser acusada de integrar o chamado núcleo operacional do esquema, explicou como chegou ao termo. "Pensei em vários adjetivos, mas nenhum me satisfazia e era o mais adequado. Pensei em me referir a ela como uma funcionária baranga, mas seria muito deselegante e inapropriado. Estava lá em casa, semana passada, tomando uma cerveja e o mequetrefe apareceu, como uma luz. Falei: é esse", disse o defensor.

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De acordo com o advogado, logo após sua fala no Supremo Tribunal Federal (STF), Geiza ligou para ele e aprovou o adjetivo escolhido. "Ela me ligou duas vezes. E dava risada. Disse que adorou. Espero que também tenha agradado aos ministros." Outra acusada no processo, Simone Vasconcelos, ex-diretora da SMP&B, também gostou da atuação de seu defensor, Leonardo Yarochewsky, que citou a novela Avenida Brasil para desconstruir a acusação de formação de quadrilha. Yarochewsky chamou a cliente de uma ignorante política, que nem conhecia os políticos a quem entregava dinheiro. Em um torpedo, disse o advogado, Simone disse algo do tipo: "amei, você é meu ídolo".

O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.

Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.

Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.

Geiza era uma funcionária "mequetrefe", diz defesa:
Fonte: Terra
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