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Julgamento do Mensalão

Fala de ex-ministro inicia 5ª sessão do julgamento do mensalão

8 ago 2012 - 14h26
(atualizado às 15h44)
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O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou às 14h25 desta quarta-feira a quinta sessão do julgamento do mensalão. Pelo terceiro dia consecutivo, advogados de parte dos 38 réus devem expor suas argumentações de defesa no tempo máximo de uma hora. Estão previstos para falar hoje os defensores de José Roberto Salgado, Vinicius Samarane, Ayanna Tenório, João Paulo Cunha e Luiz Gushiken. Cunha é o único acusado candidato nas eleições deste ano. Ele concorre à prefeitura de Osasco, na grande São Paulo.

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O primeiro defensor a falar será o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, em defesa do ex-vice-presidente do Banco Rural José Roberto Salgado, acusado de gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e evasão de divisas. De acordo com a denúncia da Procuradoria Geral da República, Salgado autorizou e renovou empréstimos ilegais para o núcleo comandado pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, além de viabilizar repasses de recursos ao exterior.

Em seguida, fala Maurício de Oliveira Campos Junior defesa do atual vice-presidente do Banco Rural Vinícius Samarane. Diretor da instituição na época do escândalo, Samarane ajudou, de acordo com a denúncia, a montar um esquema de lavagem de dinheiro e omissão dos verdadeiros destinatários dos recursos que saíam do banco.

O terceiro a falar será o advogado Antônio Cláudio Mariz, responsável pela defesa da Ayanna Tenório, ex-vice-presidente do Banco Rural. Após, fala o criminalista Alberto Zacharias Toron em defesa do deputado federal João Paulo Cunha. De acordo com a acusação, João Paulo Cunha, deputado federal pelo PT em terceiro mandato à época, teria recebido R$ 50 mil para contratar uma das agências de Marcos Valério quando presidia a Câmara dos Deputados.

Por último, o advogado José Roberto Leal de Carvalho terá uma hora para apresentar as alegações da defesa de Luiz Gushiken. Na exposição da acusação, semana passada, o procurador-geral da República Roberto Gurgel pediu a absolvição do ex-ministro da secretaria de Comunicação do governo Lula por falta de provas. Segundo a denúncia feita pelo então procurador Antonio Fernando de Souza, Gushiken teria desviado recursos do fundo de investimento Visanet para beneficiar empresas de Marcos Valério. Gurgel considerou que não há provas suficientes que indiquem que o ex-ministro tenha recebido dinheiro do esquema. Atualmente, Gushiken está afastado da polícia e trata um câncer.

Novela das oito

Ontem, os advogados das ex-funcionárias da empresa SMP&B, de Valério, Simone Vasconcelos e Geiza Dias ressaltaram que ambas apenas cumpriam ordens e não faziam parte do esquema do mensalão. Leonardo Yarochewsky, defensor de Simone, criticou a banalização do crime de formação de quadrilha citando a novela Avenida Brasil, da TV Globo. "Até a Carminha diz que vai processar a Nina por formação de quadrilha", disse o advogado, arrancando risos do plenário do STF. Já o defensor de Rogério Tolentino e Geiza Dias, Paulo Sérgio Abreu e Silva, disse que a denúncia do mensalão parece um "roteiro para novela das oito". Ao defender Geiza, ele focou na pouca importância de sua cliente dentro das empresas de Valério. "Geiza era uma funcionária mequetrefe, de terceiro ou quarto escalão. Ela era uma 'batedeira' de cheques", afirmou.

O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.

Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.

Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.

O ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, em defesa do ex-vice-presidente do Banco Rural José Roberto Salgado, abriu a quinta sessão do julgamento
O ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, em defesa do ex-vice-presidente do Banco Rural José Roberto Salgado, abriu a quinta sessão do julgamento
Foto: Nelson Jr./SCO/STF / Divulgação
Fonte: Terra
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