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Julgamento do Mensalão

SP: Femen desiste de ato contra mensalão para evitar 'extrema-direita'

1 ago 2012 - 22h42
(atualizado às 23h21)
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Renan Truffi
Direto de São Paulo

Primeira integrante do Femen no Brasil, grupo criado na Ucrânia com o objetivo de lutar contra o turismo sexual, Sara Winter, 20 anos, desistiu de participar, na noite desta quarta-feira, de um protesto contra o mensalão, escândalo político que abalou o governo Lula, na avenida Paulista, em São Paulo.

A primeira integrante do Femen no Brasil, Sara Winter, desistiu de participar do protesto depois de receber e-mails que afirmavam que um dos grupos que o promovia é apoiado pelo PSDB
A primeira integrante do Femen no Brasil, Sara Winter, desistiu de participar do protesto depois de receber e-mails que afirmavam que um dos grupos que o promovia é apoiado pelo PSDB
Foto: Léo Pinheiro / Terra

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O ato do qual ela e Bruna Themes, nova no grupo, haviam aceitado participar da vigília organizada pelos grupos Nas Ruas e Revoltados que tinha o objetivo de chamar a atenção para o julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), marcado para começar a amanhã. No entanto, Sara e Bruna disseram que mudaram de ideia depois de receberem vários e-mails que acusavam o coletivo Revoltados, fundado há dois anos, de ter ligações com José Serra, candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, e "partidos de direita".

"A gente não confirmou. Foi tudo um mal-entendido", disse Sara antes de corrigir. "Na verdade, recebemos várias denúncias por e-mail de que o Revoltados é apoiado pelo Serra e pelo PSDB. E nossa proposta não é essa. Lutamos contra o turismo sexual", afirmou Sara.

Marcelo Reis, que fundou o Revoltados há dois anos, negou ter o apoio dos tucanos ou de outros partidos, mas assumiu ser da "direita popular". "Isso é trabalho de petistas porque está incomodando eles. Não somos de extrema-direita como ela disse. Somos da direita popular. Mas, não temos ligações com nenhum partido. Queremos quebrar paradigmas. Agora, somos, sim, contra o comunismo. Se a esquerda é comunista, nós somos de direita", assumiu.

O protesto

Manifestantes do Nas Ruas e dos Revoltados promoveram uma vigília marcar o início do julgamento do mensalão no Supremo. Integrantes de dois grupos acenderam velas e soltaram rojões enquanto gritavam palavras de ordem. "O povo decidiu. Ou para a roubalheira ou paramos o Brasil", entoava um dos líderes do grupo, seguido por pouco menos de 20 pessoas.

De acordo com Carla Zambelli, 32 anos, integrante do Nas Ruas, o objetivo do protesto era pressionar os ministros a julgarem o processo até o final das eleições. "É o maior caso de corrupção da história do País. Se eles não julgarem até lá (7 de outubro), os culpados vão continuar no governo ou vão conseguir se eleger. É para mostrar que estamos de olho. Não tem porque adiar o julgamento", argumentou.

O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.

Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.

Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.

Fonte: Terra
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