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Julgamento do Mensalão

Palmieri: fui apenas testemunha de negociação entre PT e PTB

29 jul 2012 - 19h30
(atualizado às 19h34)
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LUCAS ROHÃN

O ex-secretário do PTB Emerson Palmieri, acusado de lavagem de dinheiro e corrupção passiva no escândalo do mensalão, afirmou que está tranquilo quanto ao julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), marcado para começar no dia 2 de agosto, e que gostaria que essa etapa do processo tivesse ocorrido "bem antes". "Prolongou meu sofrimento, porque eu sou completamente fora disso, mas tudo bem... A Justiça vai dizer exatamente e o que aconteceu e eu estou muito satisfeito que seja logo", disse Palmieri, que afirma ter sido apenas "uma testemunha" das negociações entre PT e PTB para as eleições municipais de 2004.

Ex-secretário do PTB, Emerson Palmieri é acusado de lavagem de dinheiro e corrupção passiva
Ex-secretário do PTB, Emerson Palmieri é acusado de lavagem de dinheiro e corrupção passiva
Foto: José Cruz / Agência Brasil

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No auge do escândalo, o ex-deputado federal Roberto Jefferson, delator do suposto esquema, se referiu à Palmieri como tesoureiro informal do partido. "O Emerson não era nem nunca foi tesoureiro informal do PTB. Ele (Roberto Jefferson) o chamou assim porque o tesoureiro era o Walfrido dos Mares Guia (ex-ministro do Turismo) e o Emerson trabalhava na Embratur, junto com o Walfrido. O trabalho do Emerson era de primeiro secretário do partido", afirma o advogado de Palmieri, Itapuã Prestes de Messias.

Nas 23 páginas das alegações finais da defesa, entregues ao STF em setembro de 2011, o advogado afirma que Palmieri não recebeu, como afirma a denúncia do Ministério Público (MP), R$ 4 milhões das mãos do publicitário Marcos Valério. De acordo com a redação, Roberto Jefferson recebeu o dinheiro e chamou Palmieri, então secretário do PTB, pedindo que ele guardasse o montante em um cofre. "O Marcos Valério entregou esse dinheiro em duas parcelas para o Roberto Jefferson que, depois, disse claramente que fez a distribuição dos recursos sem a participação do Emerson", alega o defensor.

O MP afirma que Palmieri estava junto com o então presidente do PTB quando foi fechado um acordo para receber R$ 20 milhões do PT. Segundo a denúncia, o dinheiro seria propina para comprar o apoio dos parlamentares da legenda em votações importantes dentro do Congresso. "A acusação não procede, ele não tinha conhecimento sobre a existência do mensalão. Há, por parte do MP, uma confusão entre mensalão e financiamento de campanha", argumenta Prestes de Messias.

Emerson Palmieri pediu demissão da Embratur logo após o escândalo. Atualmente, vive em Curitiba, no Paraná, com a família e se dedica à atividade rural. Segundo o advogado, ele não faz mais parte do PTB. No entanto, o nome de Palmieri aparece como regular na lista de filiados ao partido disponível no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O mensalão do PT

Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, o ministro Joaquim Barbosa apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.

Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.

Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.

Fonte: Terra
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