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Julgamento do Mensalão

Modelo de votação fatiada é 'mais racional', diz Celso de Mello

20 ago 2012 - 09h15
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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello disse que o método de votação a ser usado no julgamento do mensalão, fatiado em sete capítulos, tornou o processo "mais racional". "Penso que organiza melhor cada caso", disse ele, apoiando a escolha adotada primeiramente pelo relator do processo, ministro Joaquim Barbosa. Pelo método, apresentado aos demais na quinta-feira passada, os votos serão em blocos, e não de uma vez só. Barbosa descreveu primeiro as acusações contra o deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP), o publicitário Marcos Valério e dois de seus ex-sócios, e votou pela condenação dos quatro. O julgamento deve ser retomado às 14h desta segunda-feira. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

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Mello disse ainda que o tribunal deve discutir se um eventual empate leva à absolvição, pelo princípio "in dubio pro reo" (na dúvida, em favor do réu), ou se deve ser considerado um voto de desempate o do presidente Ayres Britto. Nos casos de habeas-corpus, o STF tem entendido que o empate favorece o réu. Mas o caso do mensalão pode gerar um cenário inédito. "Nunca o Supremo registrou empate em caso de ação penal", disse Mello. Segundo o jornal, o risco de empate aumentou com o fatiamento dos votos, já que o ministro Cezar Peluso, que se aposenta obrigatoriamente no dia 3, deverá participar de, no máximo, seis sessões no julgamento. Sendo assim, o Supremo deverá julgar inúmeros réus do mensalão com dez ministros. Mello, que por ser o mais antigo no STF será o último a votar, promete ser breve. "Quando for a minha vez de votar, estará todo mundo esgotado de cansaço", disse o ministro. "Vou ser breve."

O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.

Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.

Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.

"Ainda tenho muito a dizer. Não me preocupa a angústia do tempo", diz o ministro Celso de Mello ao presidente Ayres Britto, que tentou apressar o voto do colega. "Quando for a minha vez de votar, estará todo mundo esgotado de cansaço", disse ele
"Ainda tenho muito a dizer. Não me preocupa a angústia do tempo", diz o ministro Celso de Mello ao presidente Ayres Britto, que tentou apressar o voto do colega. "Quando for a minha vez de votar, estará todo mundo esgotado de cansaço", disse ele
Foto: STF / Divulgação
Fonte: Terra
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