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Julgamento do Mensalão

Marco Aurélio critica Ayres Britto e Barbosa por pressa no mensalão

14 ago 2012 - 15h01
(atualizado às 16h52)
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Gustavo Gantois
Direto de Brasília

Diante das tentativas de apressar o julgamento do mensalão protagonizadas pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Ayres Britto, o ministro Marco Aurélio Mello questionou, nesta terça-feira, o papel da Corte diante do processo. Para o magistrado, o calendário aprovado pelo colegiado deve ser respeitado.

Marco Aurélio Mello defende que o calendário aprovado pela Corte seja respeitado
Marco Aurélio Mello defende que o calendário aprovado pela Corte seja respeitado
Foto: STF / Divulgação

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"Fui surpreendido por uma notícia do presidente de que o todo-poderoso relator (Joaquim Barbosa) quer começar na quarta. Eu disse para começarmos na quinta. E, mais ainda, ele apontou que o relator está querendo também uma sessão extraordinária na sexta. Com um detalhe: sem a presença do revisor (Ricardo Lewandowski), que tem um compromisso acadêmico, como eu tive no dia 10", disse Marco Aurélio ao sair da sessão da primeira turma, no STF.

Pelo calendário aprovado pelos ministros em julho, a primeira fase do julgamento, com as defesas dos réus, terminaria apenas nesta quarta-feira. Com isso, a leitura do voto do relator ficaria para a quinta-feira. No entanto, Ayres Britto marcou uma sessão administrativa da Corte para esta quarta-feira com a intenção de revisar o cronograma e acelerar o andamento da ação.

"O presidente não pode ser metal entre cristais, senão trinca os metais. Ele (Ayres Britto) não está acima do colegiado. Ele é um coordenador, é igual aos demais. Ele só coordena os trabalhos. Qualquer questão de importância que interfira na atuação dos ministros é decidida pelo colegiado. Sou contrário a qualquer açodamento, a qualquer excitação maior. Quarta e quinta já é algo estafante para aqueles que, não é o caso do presidente, atuam nas turmas e no TSE", critica Marco Aurélio.

Indagado se haveria algum clima entre os ministros que poderia resultar em possíveis bate-bocas no plenário durante a fase de votos, Marco Aurélio se mostrou preocupado. "Tem, mas não devia ter. É algo que nos entristece e nos deixa, em termos de colegiado, um pouco preocupados. Ainda não começamos a discussão que deve ser de ideias e não deve descambar para o campo pessoal. Temos um processo trabalhoso quanto as diversas imputações e diversos acusados", afirmou.

O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.

Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.

Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.

Fonte: Terra
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