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Julgamento do Mensalão

Jornal: Dirceu acompanha julgamento com pessimismo, dizem amigos

3 out 2012 - 08h56
(atualizado às 09h05)
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O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu acompanha as sessões do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF) com pessimismo, segundo pessoas próximas a ele. Dirceu é o principal integrante do núcleo político que será julgado a partir desta quarta-feira. Mesmo com a convicção de que as acusações do Ministério Público não sustentam uma condenação, o petista reconhece que alterações de jurisprudência durante o julgamento são desfavoráveis à sua defesa, como, por exemplo, o fim da exigência de ato de ofício comprometedor para condenação por corrupção. Um último memorial deve ser redigido pelo advogado de Dirceu, José Luís Mendes de Oliveira Lima, que aguardará a conclusão do voto do ministro-relator, Joaquim Barbosa, para montar o documento a ser entregue aos outros ministros na quinta-feira. O defensor acredita que Barbosa irá concordar com a tese apresentada pela acusação. As informações são do jornal O Globo.

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Dirceu vem preparando a família para uma eventual condenação. "Zé tem algo de sobrevivente, ele já aprendeu a cair e se levantar. Não tem essa história de estar em depressão, isso eu nunca vi. Vejo-o tranquilo sobre sua situação e com a convicção de defender sua inocência até o fim da vida", afirmou o amigo Breno Altman, que na última semana publicou artigo classificando a ação penal como um "julgamento de exceção" e recebeu um e-mail de agradecimento do ex-ministro. Dirceu aguarda sinalização do ex-presidente Lula para decidir como se comportar depois do julgamento e sobre eventual ação contra o veredicto em cortes internacionais. Ele acha que Lula pode tomar frente neste processo em defesa do legado do partido, a exemplo da recente mobilização pela publicação de nota assinada por partidos da base aliada. O ato foi bem interpretado por Dirceu e também pelo ex-presidente do PT José Genoino, que estava se sentindo abandonado pelo partido e também será julgado a partir de hoje. Genoino acompanha a sessão em casa, em São Paulo.

O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.

Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.

Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.

A ação penal começou a ser julgada em 2 de agosto de 2012. A primeira decisão tomada pelos ministros foi anular o processo contra o ex-empresário argentino Carlos Alberto Quaglia, acusado de utilizar a corretora Natimar para lavar dinheiro do mensalão. Durante três anos, o Supremo notificou os advogados errados de Quaglia e, por isso, o defensor público que representou o réu pediu a nulidade por cerceamento de defesa. Agora, ele vai responder na Justiça Federal de Santa Catarina, Estado onde mora. Assim, restaram 37 réus no processo.

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Foto: STF / Divulgação
Fonte: Terra
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