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Julgamento do Mensalão

Jornal: Delúbio diz a amigos encarar prisão como missão partidária

25 set 2012 - 08h27
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Acusado de corrupção ativa e formação de quadrilha no processo do mensalão, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares confidenciou a amigos que, se punido, enfrentará a prisão como uma missão partidária. Procurada, a mulher de Delúbio foi categórica: "Não vamos falar sobre esse assunto e nenhum outro", disse Monica Valente, que é membro do diretório nacional do PT. Já o advogado Sebastião Ferreira Leite, o Juruna, falou sobre a tranquilidade do acusado. "Não conheço uma pessoa tão serena quanto o Delúbio", afirmou ele. Especulações de que as relações com o ex-ministro José Dirceu estariam estremecidas foram rebatidas por interlocutores. "O Zé Dirceu nunca tocou no nome do Delúbio", disse o deputado distrital Chico Vigilante (PT-DF). As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

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A avaliação dos interlocutores de Delúbio é a de que para alguns estrategistas ligados a Dirceu interessa plantar a intriga para afastar a tese de que agiam em conjunto. Nesse grupo, Delúbio é qualificado como um "deslumbrado" que meteu os pés pelas mãos na tesouraria. Enquanto aguarda o resultado do julgamento, ele se reveza entre Goiânia e São Paulo, onde tem escritórios da sua empresa, a Geral Imóvel, um site de imobiliárias. A empresa mantém duas salas no Conjunto Nacional, na avenida Paulista, onde não há um único imóvel anunciado. Na capital paulista, Delúbio mora num apartamento de três quartos na Consolação, em nome de uma parente de sua mulher, e aproveita a rede de contatos para tentar manter influência política. No início do ano, procurou um diretor do Banco do Brasil para pedir que um executivo do banco participasse de um evento em Goiás sobre investimento rural. O BB mandou um representante.

O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.

Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.

Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.

A ação penal começou a ser julgada em 2 de agosto de 2012. A primeira decisão tomada pelos ministros foi anular o processo contra o ex-empresário argentino Carlos Alberto Quaglia, acusado de utilizar a corretora Natimar para lavar dinheiro do mensalão. Durante três anos, o Supremo notificou os advogados errados de Quaglia e, por isso, o defensor público que representou o réu pediu a nulidade por cerceamento de defesa. Agora, ele vai responder na Justiça Federal de Santa Catarina, Estado onde mora. Assim, restaram 37 réus no processo.

Os ministros Ricardo Lewandowski e Joaquim Barbosa chegam para mais um dia de julgamento do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF)
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Foto: José Cruz / Agência Brasil
Fonte: Terra
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