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Julgamento do Mensalão

Jefferson: delegado aponta o dedo à PGR em busca de culpados

13 ago 2012 - 12h36
(atualizado às 16h48)
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No dia de sua defesa oral no julgamento do mensalão, o ex-deputado Roberto Jefferson usou o seu blog para fazer considerações sobre o processo do Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente do PTB comentou sobre uma reportagem da Folha de S. Paulo desta segunda-feira, onde diz que o delegado da Polícia Federal Luís Flávio Zampronha, responsável pela investigação do caso do mensalão de 2005 a 2011, "aponta o dedo" para a Procuradoria-Geral da República (PGR). "Mais especificamente sobre os exageros e erros, acusados a mais e acusações a menos, da denúncia da Procuradoria. Depois de uma semana de defesa o delegado pode estar com a impressão de que o julgamento subiu no telhado (o que é só impressão, por ora) e já começa a apontar outros culpados", escreveu Jefferson.

Advogado de Jefferson, durante sustentação oral nesta segunda-feira no STF
Advogado de Jefferson, durante sustentação oral nesta segunda-feira no STF
Foto: Carlos Humberto / STF / Divulgação

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O ex-deputado também citou que "o delegado deve saber que a lei de lavagem, por ser perigosamente ampla e pouco definida em seus termos faz ser mais fácil as acusações com poucas provas, enquanto que a acusação de corrupção, sem a prova de um ato de ofício, coloca o STF em uma, das muitas, saias justas deste julgamento. Esperto, passa o possível fiasco para o colega de acusação sem abrir mão dos louros de eventual condenação".

Em seus posts, Jefferson também comentou sobre as declarações da corregedora-geral Eliana Calmon ao jornal O Estado de S. Paulo, onde falou desconhecer o processo do mensalão, mas ao mesmo tempo não tem problemas em dizer que o escândalo "soa como corrupção". "Eliana deve saber de sons, porque via de regra suas manifestações sempre têm e sempre causam muito barulho. Infelizmente, a entrevista de hoje não é o que se espera ouvir de um juiz", criticou, afirmando que em breve a corregedora voltará a ocupar sua cadeira no STF.

A indicação dos próximos integrantes da Corte Suprema pela presidente Dilma Rousseff também foi abordada pelo presidente do PTB. Segundo ele, com as aposentadorias dos ministros Cezar Peluso, Ayres Britto e Celso de Mello, até o ano que vem Dilma terá a possibilidade de indicar três nomes que se somarão aos dois já indicados por ela (Luiz Fux e Rosa Weber). "É quase metade dos ministros que ocupam o tribunal. E ela já está a procura", afirmou Jefferson.

Na opinião do ex-deputado, a presidente pode mudar o perfil do STF e acredita que as indicações seriam na mesma linha de Rosa Weber, que tem se mostrado discreta: nunca concedeu entrevistas depois de assumir a cadeira no tribunal e ainda não entrou em conflito com os demais integrantes. A indicação seria, inclusive, em outro clima, já que o julgamento já teria terminado até lá.

O advogado do petebista, Luiz Francisco Corrêa Barbosa, será o segundo a falar no julgamento nesta segunda-feira. Além do defensor de Jefferson, também estão previstas as defesas orais dos advogados dos réus Bispo Rodrigues (ex-deputado do PL) Emerson Palmieri (PTB), Romeu Queiroz (PTB) e José Borba (PMDB).

O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.

Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.

Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.

Fonte: Terra
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