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Julgamento do Mensalão

Gurgel: STF tem última palavra sobre cassação de João Paulo

5 set 2012 - 11h35
(atualizado às 13h51)
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O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, considera que cabe ao Supremo Tribunal Federal (STF) dar a última palavra sobre a possível cassação do mandato do hoje deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP). A declaração foi dada na terça-feira, quando Gurgel deixava uma sessão do Conselho de Justiça. Réu no processo do mensalão, João Paulo desistiu da candidatura à prefeitura de Osasco após ser considerado culpado pela maioria dos ministros nas acusações de corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro.

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Mesmo com as condenações, a Câmara disse que deve partir dela a decisão sobre a eventual cassação, ainda que a perda do cargo seja decretada pelo Supremo Tribunal Federal. No entanto, para Gurgel, o processo na Casa será meramente formal, já que ela não deve descumprir uma determinação da máxima Corte do País.

Matéria publicada pelo jornal Folha de S.Paulo diz que segundo a assessoria jurídica da Câmara, a prerrogativa de cassação está prevista no artigo 55 da Constituição. Quando a decisão transitar em julgado e, com isso, não houver mais recursos, a Casa é notificada. A partir daí, a Mesa ou um partido tem que pedir abertura do processo de cassação. O caso é encaminhado para análise da Comissão de Constituição e Justiça, onde não tem prazo para ser concluído. Quem define o cronograma é o presidente da CCJ, função hoje exercida pelo petista Ricardo Berzoini (SP). Passando pela comissão, o parecer vai para o plenário, onde João Paulo já foi absolvido no auge do escândalo.

Ontem o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), afirmou que, mesmo que o STF condene o deputado a perder de seu cargo, isso não vai ocorrer automaticamente. De acordo com Maia, a Mesa Diretora da Câmara ou um partido político com representação no Congresso precisa apresentar uma representação para que seja aberto processo disciplinar contra o deputado.

O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.

Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.

Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.

A ação penal começou a ser julgada em 2 de agosto de 2012. A primeira decisão tomada pelos ministros foi anular o processo contra o ex-empresário argentino Carlos Alberto Quaglia, acusado de utilizar a corretora Natimar para lavar dinheiro do mensalão. Durante três anos, o Supremo notificou os advogados errados de Quaglia e, por isso, o defensor público que representou o réu pediu a nulidade por cerceamento de defesa. Agora, ele vai responder na Justiça Federal de Santa Catarina, Estado onde mora. Assim, restaram 37 réus no processo.

Gurgel disse que o processo na Câmara será meramente formal
Gurgel disse que o processo na Câmara será meramente formal
Foto: Carlos Humberto/STF / Divulgação
Fonte: Terra
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