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Julgamento do Mensalão

Gurgel: condenações tendem a despertar temor em corruptos

20 set 2012 - 17h20
(atualizado às 17h33)
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Fernando Diniz
Direto de Brasília

Depois do relator do mensalão, ministro Joaquim Barbosa, considerar que houve compra de votos durante o esquema do mensalão, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse que um julgamento condenatório no Supremo Tribunal Federal (STF) pode provocar temor em pessoas que praticam atos corruptos. Satisfeito com o andamento do julgamento, Gurgel disse não ter dúvidas que o resultado repercutirá em outras ações.

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, em foto de arquivo do julgamento do mensalão
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, em foto de arquivo do julgamento do mensalão
Foto: José Cruz / Agência Brasil

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"Eu não tenho duvida nenhuma. Eu acho que esse julgamento é um marco na historia do País e, se o resultado for aquele que o Ministério Público espera, eu não tenho dúvida que repercutirá, que certas práticas, infelizmente muito frequentes na política brasileira, tendem a pelo menos ser reduzidas ou despertar temor em uma parcela da população que tende a cometer essas práticas", disse o procurador no intervalo da sessão do STF, na tarde desta quinta-feira.

Nesta semana, o ministro Joaquim Barbosa analisou o suposto recebimento de propina por quatro partidos - PP, PL (atual PR), PTB e PMDB - para que votassem em projetos de interesse do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. O relator disse que não há dúvidas de que houve compra de votos durante o esquema do mensalão.

Para Gurgel, a conduta de corrupção não deve persistir no Brasil. "É preciso o País entender de uma vez por todas que esse tipo de conduta não é mais compatível com o estágio a que se chegou a democracia. É inadmissível que esse tipo de prática persista", afirmou.

O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.

Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.

Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.

Fonte: Terra
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