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Julgamento do Mensalão

Em artigo, Delúbio se diz 'fiel cumpridor' de tarefas dadas pelo PT

2 ago 2012 - 11h10
(atualizado às 11h23)
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Prestes a ser julgado no Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT) e um dos réus do processo do mensalão, Delúbio Soares, assinou um dos artigos veiculados nesta quinta-feira pelo site Brasil 247. No texto, Delúbio compara o caso com tentativas de golpes cometidas contra outros presidentes do Brasil "Ontem era o 'mar de lama' contra Getúlio, a 'maioria absoluta' contra JK, a 'república sindicalista' contra Jango. Hoje, é o 'mensalão'". Citando afirmações feitas a colegas de partido em 2009, ele disse não ser ingênuo, renegando o papel de "vítima". "Escolhi os caminhos a serem percorridos e aceitei os riscos da luta. Mas não fui, senão, em todos os instantes, sem exceção, fiel cumpridor das tarefas que me destinou o PT."

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No artigo, de mais de dez parágrafos, Delúbio optou por usar o termo mensalão sempre entre aspas. O apelido foi popularizado, segundo ele, "por equívoco de uns e má-fé de outros". Citando palestras e encontros com sindicatos pelo Brasil, em que disse ter debatido sobre o suposto esquema, Delúbio afirmou: "trago nas solas dos sapatos a geografia do País que amo, percorrido de ponta a ponta, numa luta desigual, mas reconfortante."

Terceiro turno

Boa parte da declaração do ex-tesoureiro se ocupa em criticar a imprensa, a quem acusa de disfarçar sua manipulação em pedidos por justiça. "Ingênuos são os que não conseguem ver a mais cristalina das verdades, que brilha sob o sol desse País tropical: a manipulação midiática e as mais abjetas pressões, que pensam se esconder sob o manto roto da cobrança por justiça, são apenas o óbvio e felliniano terceiro turno das seguidas eleições presidenciais que vencemos com Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff."

Dizendo-se ser "um homem sem rancor, sem ressentimentos, sem medo e sem ódio", Delúbio disse que tais sentimentos "parecem habitar somente os corações e mentes dos que tentam transformar uma Ação Penal num circo midiático, negando-me a presunção da inocência e colocando a 'faca no pescoço' dos magistrados da mais alta e respeitável Corte de nosso País." O ex-tesoureiro voltou a negar o uso de dinheiro público na campanha que elegeu Lula, "um centavo sequer", e afirmou que não houve compra de partidos políticos, senadores ou deputados para que votassem conforme os interesses do governo.

"Não creio na judicialização da vida institucional. Nem creio na politização do Poder Judiciário. Creio na Justiça de meu país como creio em Deus e no meu povo. E essa crença vem do coração, da alma, do espírito de luta e dos ideais que movem minha vida pública e acalentam a imorredoura confiança na verdade", finalizou Delúbio.

O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.

Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.

Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.

Fonte: Terra
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