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Julgamento do Mensalão

Dirceu e Genoino 'não são quadrilheiros', diz deputado petista

Dirceu e Genoino 'não são quadrilheiros', diz deputado petista

10 out 2012 - 19h52
(atualizado às 19h59)
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Thiago Tufano
Direto de São Paulo

O deputado federal Paulo Ferreira (RS), membro do diretório nacional do PT, defendeu nesta quarta-feira os companheiros de partido José Dirceu e José Genoino da condenação por corrupção ativa no julgamento do mensalão. Após reunião na sede do diretório nacional petista, no centro de São Paulo, Ferreira afirmou que a condenação dos companheiros foi "profundamente injusta".

Sete anos depois da CPI dos Correios trazer à tona a suposta existência do mensalão, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu foi julgado pelo caso e considerado culpado do crime de corrupção ativa pelo STF. Homem de confiança de Lula, o político tem sua trajetória marcada pelas passagens pela presidência do PT, uma candidatura fracassada ao governo de São Paulo e o título de 2º deputado mais votado no Brasil nas eleições de 2002
Sete anos depois da CPI dos Correios trazer à tona a suposta existência do mensalão, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu foi julgado pelo caso e considerado culpado do crime de corrupção ativa pelo STF. Homem de confiança de Lula, o político tem sua trajetória marcada pelas passagens pela presidência do PT, uma candidatura fracassada ao governo de São Paulo e o título de 2º deputado mais votado no Brasil nas eleições de 2002
Foto: José Cruz / Agência Brasil

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"Todo mundo conhece a história do Genoino e a história do Zé Dirceu. O Brasil todo conhece. Nenhum deles é quadrilheiro, nenhum deles já praticou crime. Nós não temos dúvida alguma que a trajetória deles não inclui essas penas que estão sendo dadas", afirmou o deputado federal.

Ferreira falou ainda que o escândalo do mensalão não irá prejudicar as eleições do segundo turno nas cidades em que o PT tem candidatos. "Isso vem sendo dito na campanha desde 2005, teve alguma influência em 2006, mas o Lula foi reeleito. Ele (mensalão) voltou em 2008 e o PT continuou a crescer. Em 2010, o principal adversário nosso em São Paulo usou e abusou de imagens e conceitos sobre isso e a Dilma foi eleita. E agora em 2012, o PT ineditamente foi o partido mais votado nas eleições. Então no ponto de vista da disputa política, a população já tem opinião e temos convicção que para os segundo turno será um assunto secundário. Não terá e não será pauta principal", afirmou.

Ex-ministro-chefe da Casa Civil no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, José Dirceu foi condenado por oito dos dez ministros da Corte. Já Genoino, que presidia o PT na época do escândalo, foi considerado culpado por nove ministros. O ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares recebeu os votos de todos os integrantes da Corte pela condenação. Eles ainda serão julgados por formação de quadrilha, último item do julgamento.

O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.

Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.

Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.

A ação penal começou a ser julgada em 2 de agosto de 2012. A primeira decisão tomada pelos ministros foi anular o processo contra o ex-empresário argentino Carlos Alberto Quaglia, acusado de utilizar a corretora Natimar para lavar dinheiro do mensalão. Durante três anos, o Supremo notificou os advogados errados de Quaglia e, por isso, o defensor público que representou o réu pediu a nulidade por cerceamento de defesa. Agora, ele vai responder na Justiça Federal de Santa Catarina, Estado onde mora. Assim, restaram 37 réus no processo.

Fonte: Terra
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