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Julgamento do Mensalão

Defensor de Duda: transmissão do mensalão influencia votação

10 out 2012 - 20h36
(atualizado às 20h41)
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O criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, mais conhecido como Kakay, um dos advogados do publicitário Duda Mendonça e da sócia dele, Zilmar Fernandes Silveira, disse estar confiante na absolvição dos clientes no julgamento do mensalão. No entanto, ele questionou argumentações de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e defendeu que as sessões não deveriam ser transmitidas ao vivo.

O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, em foto de arquivo no STF
O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, em foto de arquivo no STF
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

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Kakay disse respeitar os votos dos ministros, mas avalia que houve pressão externa no julgamento. "A Corte não está imune à massacrante cobertura feita pela imprensa", afirma o advogado - que antes do início das sessões afirmava não acreditar que fatores externos pudessem interferir nos votos.

De acordo com ele, outro fator que pode ter influenciado nas votações foi a transmissão ao vivo, pela TV Justiça, das sessões. "A TV Justiça é um avanço, mas sua atuação tem de ser repensada", afirma. "Em nenhum país do mundo, há transmissão ao vivo de julgamento criminal".

Kakay também disse ter ficado surpreso com alguns argumentos dos ministros. "Algumas colocações me preocupam, como a do 'não é possível que (o acusado) não soubesse'". "Um julgamento como esse deixa uma série de discussões que serão debatidas depois que ele for concluído", declarou. O criminalista, porém, garante estar "muito otimista" sobre os julgamentos de Duda e Zilmar.

Segundo Kakay, "alguns ministros" já se posicionaram favoravelmente aos clientes ao entender, no julgamento de outros acusados, que a suspeita de lavagem de dinheiro não se sustenta por eles não terem conhecimento da origem ilícita dos recursos. "Nem a questão da simulação, já que Duda abriu a conta no nome dele e Zilmar foi a única a assinar recibo após receber o valor".

Sobre a acusação de evasão de divisas, o criminalista adianta estar tranquilo. "Para efeito fiscal, ele (Duda) cometeu uma irregularidade, pela qual já pagou, então está fora", acentuou. "Os próprios procuradores não denunciariam esse tipo de situação nem em um julgamento em primeira instância".

Por outro lado, Kakay questionou a intenção, manifestada nesta quarta-feira pelo ministro Joaquim Barbosa, relator do processo, de unir os julgamentos dos clientes dele aos de outros acusados de lavagem de dinheiro, como o ex-ministro dos Transportes Anderson Adauto e os ex-deputados Professor Luizinho (PT-SP), Paulo Rocha (PT-PA) e João Magno (PT-MG). "Como o julgamento tem uma lógica de blocos, se você coloca o Duda e a Zilmar juntos com os deputados, você iguala situações que são completamente diferentes", avaliou.

O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.

Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.

Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.

Fonte: Agência Estado Agência Estado
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