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Julgamento do Mensalão

Ayres Britto: votação 'fatiada' não abre espaço para recurso

17 ago 2012 - 15h48
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Giuliander Carpes
Direto do Rio de Janeiro

Ayres Britto disse, nesta sexta-feira, que discussão "é normal"
Ayres Britto disse, nesta sexta-feira, que discussão "é normal"
Foto: Nelson Jr / Divulgação

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Carlos Ayres Britto, declarou nesta sexta-feira que a "votação fatiada" no julgamento do mensalão não abrirá espaço para recurso dos advogados de defesa. O procedimento não é o usual e sua legalidade chegou a ser questionada pelo revisor do processo, ministro Ricardo Lewandowski. "(A discussão) é normal", afirmou Ayres Britto.

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O relator do processo, ministro Joaquim Barbosa, dividiu a votação em oito itens, o que pode causar uma situação incomum no STF: o ministro Cezar Peluso, que se aposenta no dia 3 de setembro, pode votar em apenas parte do julgamento. "Não estamos pensando nisso", disse Ayres Britto, que participa de evento do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais, no Rio de Janeiro.

Na sessão de quinta-feira passada, Barbosa e Lewandowski, bateram boca pela segunda vez desde o início do julgamento do mensalão. O revisor argumentou que votar por itens seria aceitar a lógica da Procuradoria Geral da República, autora da denúncia. Ao final da discussão, Ayres Britto, coletou os votos dos outros ministros para decidir se Barbosa faria sua leitura em núcleos, mas analisando a culpabilidade em itens, ou não. A maioria dos ministros concordou com o relator.

Ontem, a ministra Cármen Lúcia já havia indicado que o revisor tinha sido convencido a mudar a forma de proferir o seu voto e se adaptar à linha adotada por Barbosa. "Os ânimos se exaltam somente na hora. Depois tudo acaba bem. Estamos buscando essa conciliação. Vocês vão ver na segunda-feira tudo estará apaziguado", disse ela.

O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.

Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.

Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.

Fonte: Terra
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