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Julgamento do Mensalão

Ayres Britto sobre penas: "se não terminar amanhã, não termina"

24 out 2012 - 17h55
(atualizado às 18h06)
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Fernando Diniz
Direto de Brasília

O presidente do Supremo Tribunal Federal, Carlos Ayres Britto, admitiu nesta quarta-feira a possibilidade da dosimetria de penas aos réus do julgamento do mensalão não terminar no prazo. "Se não der para terminar amanhã, não termina amanhã", afirmou o ministro no intervalo da sessão de hoje. O magistrado disse que o ritmo desta etapa da ação penal está dentro da normalidade. "Metodologia é assim mesmo, é uma fase que tem que fazer ponderações criteriosas, detalhadas. É assim mesmo, não estranho nada".

O presidente Carlos Ayres Britto se prepara para a reta final do julgamento da ação penal do mensalão
O presidente Carlos Ayres Britto se prepara para a reta final do julgamento da ação penal do mensalão
Foto: Agência Brasil

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Nesta quarta, o STF deu continuidade à definição das penas dos condenados. Até o momento, o publicitário Marcos Valério foi penalizado com 11 anos e oito meses e quase R$ 1 milhão em multa pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa e peculato.

Ayres Britto defendeu o ritmo dos ministros na fase de dosimetria. "Presteza, como eu estava dizendo, é o elemento temporal. Tem que correr par e passo com a segurança, com a consistência da decisão, com a observância do ordenamento jurídico. A Constituição é garantista, nenhum juiz pode ser antigarantista, porque ele é aplicador de uma Constituição garantista".

Questionado sobre se é saudável o debate "áspero" entre os ministros, Ayres Britto respondeu: "acalorado, é". Em novo bate boca travado na sessão desta quarta, o relator, Joaquim Barbosa, acusou o revisor, Ricardo Lewandowski, de advogar para o empresário, considerado operador do esquema. Em um segundo momento, Barbosa também entrou em atrito com o ministro Dias Toffoli.

O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.

Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.

Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.

Fonte: Terra
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