Dirceu: Renan Calheiros é vítima de campanha de falso moralismo
Condenado a 10 anos e 10 meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do mensalão, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT) defendeu nesta quinta-feira, em seu blog, a candidatura do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) à presidência do Senado. De acordo com Dirceu, o peemedebista é alvo de uma "campanha de falso moralismo" baseada em denúncias antigas, "com o objetivo de dividir a base de apoio do governo".
"O que estamos assistindo em relação ao senador Renan Calheiros é, de novo, uma ofensiva midiática dando cobertura a denúncias contra ele concertadas com ações do Ministério Público Federal (MPF) e com intervenções de grupos organizados, como aconteceu ontem frente ao Congresso Nacional", disse Dirceu, referindo-se ao protesto realizado na noite de quarta-feira. Utilizando 81 vassouras, baldes e pano de chão, os manifestantes exigiram um presidente "ficha limpa" para o Senado.
"O símbolo ontem dos manifestantes em frente ao Congresso Nacional era a vassoura. Mudar mesmo fazendo a reforma política e administrativa nem pensar. Estes neoudenistas dos novos tempos se opõem a ferro e fogo ao financiamento público e ao voto em lista. Observem, também, que à frente dessas campanhas de agora há sempre deputados e senadores defensores da mídia e inimigos de qualquer regulação", criticou Dirceu.
De acordo com o ex-ministro, a mídia faz campanha baseada na falsa ideia de que o Executivo é o responsável pela eleição dos presidentes do Senado e da Câmara, "ou que eles só se elegem por contar com o apoio do Planalto". "Foi o povo que elegeu o Congresso e decidiu, pelo voto, por sua vontade soberana, que PSDB-DEM seriam oposição e minoria e PT-PMDB formariam e dirigiriam uma coalizão majoritária que, como tal, tem o dever de eleger os presidentes do Senado e da Câmara e, respeitado o critério da proporcionalidade, preencher os demais cargos da Mesa nas duas Casas", argumentou.
Para Dirceu, Renan Calheiros é alvo da "mesma campanha falso-moralista que levou o presidente Jânio Quadros ao Planalto (1960) porque ia 'varrer a corrupção'; os militares ao poder porque eles 'combatiam a corrupção e a subversão'; e depois elegeu o presidente Fernando Collor, o caçador de marajás". Curiosamente, Collor, hoje senador, integra a base aliada do governo Dilma.